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Trabalhadores do Himaba reclamam de falta de materiais e atraso no pagamento

Instituto Gnosis, que administra a unidade, ainda não pagou o 13º. Governo garante que Organização Social tem recurso em caixa

Técnicos de enfermagem do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, afirmam que o Instituto Gnosis, que administra a unidade, ainda não pagou o 13º dos trabalhadores. Outro problema relatado por eles é a falta de materiais como algodão, gaze, seringas e extensor. De acordo com o Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Espírito Santo (Sitaen), a primeira parcela era para ter sido paga no dia 30 de novembro, mas o compromisso não foi cumprido.

Os trabalhadores questionaram o setor de Recursos Humanos, obtendo a resposta de que seria paga parcela única em 20 de dezembro, o que também não aconteceu. O sindicato notificou o hospital e comunicou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) sobre o atraso do 13º salário.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Espírito Santo (Sindsaúde), Geiza Pinheiro, relata que nessa terça-feira (21) entrou em contato com a Gnosis para pedir esclarecimento sobre a situação, sendo informada de que o atraso de seu por falta de recursos financeiros. 

Ela afirma ainda que contatou o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, que afirmou que o Instituto tem recurso em caixa. Nessa quarta-feira (23), Geiza entrou em contato novamente com a Gnosis e o secretário. Ambos disseram que até esta quinta-feira (24) todos estarão com o 13º na conta. Em nota, a Sesa informou que “a Organização Social está com os recursos disponíveis para efetuar os pagamentos e compras necessárias para a unidade”. Disse ainda que “a secretaria está em contato com a prestadora para que as pendências sejam imediatamente resolvidas”. 
Os trabalhadores, que não quiseram se identificar, apontam que enfermeiros e médicos também não receberam o 13º, sendo que esses últimos estão com atraso salarial de dois meses. Segundo o Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Espírito Santo (Sindienfermeiros), a entidade chegou a ser acionada por um trabalhador relatando o problema, mas ele não formalizou a reclamação. O sindicato recomenda que as pessoas formalizem as denúncias para que o jurídico possa tomar as devidas providências. A mesma orientação é dada pelo Sindicato dos Médicos do Espírito Santo.
O assessor jurídico do Sindicato dos Médicos, Télvio Luiz Valim, afirma que os trabalhadores devem procurar o sindicato para que o jurídico possa buscar garantir os direitos trabalhistas e até mesmo entrar com ação por danos morais, por causa do atraso de dois meses no pagamento dos salários.

Não é a primeira vez que os trabalhadores do Himaba passam por essa situação. Em 2019, a Organização Social Instituto de Gestão e Humanização (IGH), que administrava a unidade antes do Gnosis, atrasou salários. Entretanto, uma série de denúncias já rondava a unidade desde setembro de 2017. 

Entre elas está um fato registrado exclusivamente por Século Diário em maio de 2018, quando foi tornado público um relatório com dados oficiais da Sesa revelando que, no período de seis de outubro até 22 de dezembro de 2017, quase 30 recém-nascidos morreram na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) do Himaba. De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, boa parte por infecção generalizada. A documentação relacionada às mortes foi levada pelo Sindsaúde ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Também foram denunciados, nesse período, falta de medicamentos, extinção da classificação de risco (espécie de triagem para organizar o atendimento), superlotação, pacientes com doenças contagiosas sem isolamento, paralisação no atendimento de algumas especialidades, falta de estrutura, com pessoas internadas nos corredores; dívidas com fornecedores e trabalhadores; contratação de profissionais sem experiência e a baixos salários, repasses retidos por apresentar relatórios de prestação de contas inconsistentes; e até problemas com racionamento de comida.
O IGH teve que deixar a administração da unidade de forma antecipada. Na ocasião, por meio de entrevista coletiva, Nésio Fernandes disse que a medida foi tomada para evitar descontinuidade do serviço, pois pacientes já estavam reclamando que não estavam conseguindo marcar consultas e havia uma lista de medicamentos em falta ou na iminência de zerar o estoque. A Organização Social é investigada pelo Ministério Público do Estado (MPES) por ter causado um prejuízo de R$ 37 milhões aos cofres públicos.

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