Obras eram uma demanda da comunidade indígena de Aracruz há mais de 10 anos
A Unidade de Saúde da aldeia Boa Esperança, em Aracruz, será reconstruída a partir de março deste ano. A promessa foi feita por representantes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do governo federal, em uma reunião com o vereador e ex-cacique Vilson Jaguareté (PT), nessa terça-feira (11). Membros do Executivo Municipal também participaram do encontro, que pode resultar no atendimento a uma demanda antiga da comunidade local, travada no Ministério da Saúde desde 2012.
Enquanto as obras forem realizadas na unidade de saúde, o atendimento à população será feito em tendas que serão instaladas ao lado da escola da aldeia Boa Esperança, que está desativada. A escola será utilizada para abrigar materiais, equipamentos, e banheiros para os pacientes e profissionais da unidade.
Para que a utilização provisória da escola fosse possível, a Prefeitura de Aracruz também se comprometeu a fazer uma reforma paliativa do prédio, que não está em condições de receber os pacientes. A expectativa é que as reformas no prédio sejam feitas antes do dia 15 de março para que a reconstrução da unidade de saúde seja iniciada.
A reforma do posto se arrasta no Ministério da Saúde, pelo menos, desde 2012. O prédio foi construído na década de 90 e, desde então, os únicos reparos foram feitos pela própria comunidade. Em 2012, quando a atenção à Saúde Indígena já era uma responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a reforma e ampliação da unidade de saúde foram incluídas no Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI), mas não foram desenvolvidas.
Ao longo de todo esse tempo, a comunidade precisou lidar com a falta de espaço e estrutura precária do prédio. Em julho, o vereador Jaguareté (PT) fez uma visita às unidades de saúde e ao Polo Base de Saúde Indígena do município, incluindo a unidade da aldeia de Boa Esperança. “É extremamente preocupante. Se a Vigilância Sanitária for até lá fazer fiscalização, pode até ter um problema. Tem muita infiltração, telhado muito precário. Está completamente inadequado para a realidade atual”, disse na época.
No dia 27 de outubro de 2021, o Ministério da Saúde prometeu, mais uma vez, a reforma da unidade de saúde. Após ser questionado pela reportagem, a pasta do governo federal prometeu que o projeto seria realizado em 60 dias a contar daquela data.
O problema de Boa Esperança se repete em outras aldeias indígenas de Aracruz. Ainda no mês de outubro, o presidente do conselho local de saúde indígena, Renato Tupinikim, denunciou a situação da unidade de Saúde de Caieiras Velha, que apresentava problemas como infiltrações no teto e nas paredes, além de pontos com mofo.
Uma das propostas apresentadas pela comunidade para resolver esses e outros problemas da Saúde Indígena de Aracruz é a descentralização do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Governador Valadares (MG), responsável pelas comunidades indígenas de Minas Gerais e do Espírito Santo. No ano passado, profissionais de saúde e moradores denunciaram uma série de falhas no atendimento da saúde indígena do Espírito Santo, como a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e envio de máscaras vencidas pelo Dsei de Minas Gerais.
A ideia de construir um Dsei capixaba foi amplamente discutida ao longo de 2021 com parlamentares e especialistas e deve voltar a ser pautada este ano. Em relação à escola da aldeia Boa Esperança, que funcionará como um espaço de suporte às obras da unidade de saúde, ainda não há previsão de uma reforma definitiva.