Servidores da saúde da Serra e o sindicato que representa a categoria – o Sindsaúde-ES – denunciam a situação precarizada das unidades do município. De acordo com as informações, numa verdadeira “corrida contra o tempo e a todo vapor”, o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o secretário da pasta, Benício Santos, têm utilizando o sucateamento com desculpa para terceirizar as Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
Um exemplo desse desmantelamento é o setor de Raio X da UPA de Serra Sede, que está há meses quebrado e desmontado, conforme denúncia dos servidores da saúde e do sindicato da classe. Com o aparelho quebrado, pacientes que usam o serviço na região têm que se deslocar até a UPA de Carapina por meio de uma van em péssimas condições. O setor de emergência é o mais prejudicado, uma vez que o exame é primordial para dar início às consultas médicas.
Outro problema frequente na unidade está relacionado ao setor de exames laboratoriais, que há cerca de quatro meses têm sido feitos fora da UPA. “Os equipamentos foram recolhidos e a sala de análise clínica está vazia. Hoje, uma sala apertada é utilizada para fazer os cadastros e as coletas. O material é levado até o centro, e os exames chegam a demorar até três dias para serem feitos”, conta a secretária de condições de trabalho e saúde do trabalhador, Cynara Azevedo.
Segundo o diretor de Assuntos Municipais do Sindsaúde-ES, Dionis Gomes, “eles querem mostrar para a sociedade que terceirizar é a solução, mas sabemos que a realidade não é esta. Segundo o prefeito, a Serra é o município que mais arrecada no Estado. Assim sendo, é inadmissível ter as UPAs na forma que estão. Há verba para investimento na saúde pública municipal”, relata o diretor.
Gomes afirma que o estado de conservação das unidades de pronto-atendimento da cidade é lamentável. “Logo na recepção, já vemos poltronas sem estofados, ar condicionado frequentemente quebrado, as portas sem maçanetas, paredes mofadas, computadores quebrados, os banheiros imundos com torneiras quebradas, e tapumes dividindo banheiro adulto do infantil, como na UPA de Carapina”, detalha.
Declarações do secretário de saúde da cidade, Benício Santos, que vieram a público neste mês, causaram polêmica e reação das entidades que representam os servidores da saúde, incluindo médicos e enfermeiros. O titular da pasta apontou os servidores como os culpados pela situação da saúde no município, uma vez que “não cumprem carga horária durante a passagem de plantão” e, ao invés de começarem o atendimento, “vão dormir, tomar café, assistir jornal e novela”. As declarações foram publicadas no jornal do município, Tribuna do Povo.
No dia 13 deste mês, foi publicado no Diário Oficial do Estado o “Procedimento de Manifestação de Interesse”, assinado pelo prefeito Audifax. O documento torna público o processo de qualificação de Organizações Sociais para gerenciamento do PA de Carapina. De acordo a publicação, as entidades que tiverem interesse poderão participar de futuro edital para terceirização da unidade.
