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‘Vencer a pandemia no Brasil é desafio da comunidade internacional’, avalia Sesa

Estado amplia leitos e testes e quer vacinar professores e maiores de 30 anos. Lockdown, só com apoio federal

Sesa

“Vencer a pandemia no Brasil é um desafio da comunidade internacional e dos grandes atores que fazem a economia do mundo circular de maneira globalizada”. A declaração foi feita pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (8), juntamente com o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.

As variantes surgidas no Brasil estão sendo encontradas em outros países, afirmou o gestor da Sesa, ao defender a necessidade de vacinação em massa da população brasileira, o que pode ter “efeito positivo também na economia”. Sob essa perspectiva, Nésio Fernandes enfatizou mais uma vez a necessidade de uma coordenação nacional na gestão da crise pandêmica.


Todas as medidas de controle enfatizadas pela Ciência, ressaltou, “foram combatidas por lideranças nacionais, o que nos levou a uma ausência de coordenação e união nacional”. Como resultado, enfatizou, “estamos em 2021, com perspectiva de uma quantidade muito pequena de vacinas disponibilizadas para o Plano Nacional de Imunização (PNI) contra Covid-19”.
A partir deste mês de março, informaram Nésio Fernandes e Reblin, os estados irão receber semanalmente um quantitativo de doses. Os comunicados serão feitos às terças-feiras, com distribuição às quartas e quintas. Mas ainda não há um calendário informando o quantitativo semanal de doses, caracterizando o que os gestores classificaram como uma “estratégia flutuante” do Ministério da Saúde e do governo federal. “Ainda não é possível fazer um planejamento organizado, como gostaríamos”, lamentou Nésio.
Por isso, o Espírito Santo tem mantido ativas as negociações diretas com laboratórios para compra de vacinas. “Estão em franco andamento, o que nos dá esperança que o estado compre vacinas e que a gente possa impedir que uma quarta onda da doença possa se formar no país e no Estado no próximo semestre”, informou.
Com os laboratórios, segundo o secretário, “já foram esclarecidas todas as questões” e há contatos sendo feitos com diversas embaixadas e indústrias. “Procuramos não estabelecer relações com intermediários. Há uma quantidade muito grande de pessoas que se apresentam como fornecedores. Não iremos cometer nenhum risco de submeter nossa condução de enfrentamento à pandemia a qualquer risco em negociação”, afirmou, acrescentando um alerta que a Sesa tem emitido aos municípios que realizam negociações para compras diretas de imunizantes. “Já identificamos situações de alto risco nas negociações no que diz respeito à compra de vacinas”.
Trabalhadores da educação e segurança e maiores que 30 anos
Na negociação estadual capixaba, Nésio Fernandes afirmou que o quantitativo previsto de compra pelo governo do Estado garante a imunização de professores – em momento antecipado em relação ao calendário nacional, que coloca a categoria num estágio bem mais tardio – bem como da população adulta maior que 30 anos de idade.
“Nós temos negociação de vacinas com diversos laboratórios e, num primeiro momento, grupos que estão previstos no PNI mais na frente, na ordem de distribuição do Ministério [da Saúde], serão contemplados e poderemos antecipar etapas. E, entre esses grupos, estão os professores e os trabalhadores da segurança pública. A quantidade de doses que esperamos comprar deve alcançar a população adulta do nosso Estado. O Espírito Santo prevê comprar uma quantidade de doses muito grande, de maneira que a população com mais de 30 anos possa ser alcançada pela vacinação”, declarou o gestor da Sesa.
Lockdown
Ainda repercutindo a falta de apoio federal para o combate à pandemia, Nésio Fernandes reafirmou que o lockdown é uma medida que só pode ser eficientemente implementada quando há suporte financeiro por parte do governo federal, como ocorre em outros países.
“Não decretar lockdown não é apenas uma opinião sanitária. Uma medida extrema com essa necessita que exista grande coesão social e medidas econômicas de âmbito da União para sustentar a interrupção das atividades. Medidas extremas de fechamento das atividades sociais e econômicas em outros países sempre foram acompanhadas de agendas econômicas que no Brasil não existem”, explanou.
Na matriz de risco, explicou Nésio, o lockdown tem como gatilho para ser decretado a condição de pré-colapso da rede hospitalar, quando a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dedicadas ao tratamento de Covid-19 fica superior a 90%, o que não aconteceu até o momento. “O Espírito Santo tem conseguido administrar o avanço da pandemia com o devido redimensionamento da rede assistencial”, afirmou.
A decisão do governo do Estado, disse, é manter a matriz de risco, promovendo atualizações periódicas, como vem sendo feito, “com revisão de medidas qualificadas transversais, aquelas que se aplicam a todos os níveis de risco, e também com revisão de medidas qualificadas em cada nível de risco, com amplo diálogo com a sociedade”.
Expansão da rede estadual
Estratégia fundamental para evitar o gatilho do lockdown, a expansão da rede hospitalar terá mais uma etapa, a terceira, neste mês de março, fazendo o Estado chegar a 1,3 mil leitos públicos e contratualizados disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de Covid-19. “Temos perspectiva de 900 leitos de UTI em abril, ou mais, com leitos para atender pacientes com outras condições e Covid, se necessário”.
Testagem ampliada

Outra nova expansão promovida pela Sesa é na capacidade de testagem. Em março e abril, será possível fazer uma “testagem em massa na atenção básica, urgência e emergência e em hospitais”, disseram Nésio Fernandes e Luiz Carlos Reblin, a partir da disponibilização de antígenos doados pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e compra de testes feita pelo governo do Estado na última sexta-feira (5), totalizando 250 mil testes de antígenos, que atendem à capacidade diagnóstica do Laboratório Central (Lacen), atualmente de 3,5 mil testes por dia.
“O governo do Espírito Santo está estimulando a testagem dos contatos de quem detectar positivo”, enfatizou Nésio Fernandes. Não só os contatos intradomiciliares, ressaltou, mas também os contatos diretos no trabalho, na igreja e em outros ambientes, com quem a pessoa que testar positivo tiver tido contato por mais de 15 minutos durante seu período sintomático.
O Diário Oficial desta segunda-feira (8) traz uma portaria que define prazo de 14 dias para a integração dos bancos de dados dos passageiros de transporte aéreo e terrestre interestadual do Espírito Santo. O objetivo é fazer um “monitoramento epidemiológico inteligente, que irá notificar por SMS os pacientes que viajaram com pessoas diagnosticadas com Covid-19, numa janela temporal que possa ter submetido essas pessoas a um risco de transmissão por ter compartilhado ambiente fechado por mais de uma hora, em longas viagens aéreas e interestaduais com pessoas potencialmente contaminadas”, explicou o secretário.
Os testes de antígenos já foram distribuídos aos municípios e aos estabelecimentos hospitalares da rede de urgência e emergência pré-hospitalar, informou Reblin, e estão sendo realizados, no Instituto Capixaba de Ensino Pesquisa e Inovação (ICEPi), diversos treinamentos da rede assistencial para seu uso adequado.
“Esses testes podem definir rapidamente a condição de um paciente que chega numa situação mais complexa e que vá para uma internação. Pode definir em questão de minutos a condição desse paciente, para que ele possa ser conduzido ao setor adequado do hospital. Esta semana temos vários locais já realizando o teste. Outros vão iniciar após término do treinamento da equipe”.
Terceira onda
Essas estratégias, de ampliação de leitos e testagem, e de compra direta de imunizantes, compõem o plano de enfrentamento estadual diante de uma terceira onda da pandemia no país e no Estado.
As aglomerações durante o carnaval, informaram os gestores, fizeram crescer o número de casos na semana epidemiológica 8, no final de fevereiro. Esse terceiro crescimento ocorre após uma segunda fase de recuperação da pandemia, registrado a partir da segunda quinzena de janeiro de 2021, com queda sustentada de casos, de internações e de óbitos.
Na atual “terceira onda” da pandemia, o crescimento de casos e internações deve ser acompanhado no crescimento das internações, salientaram os gestores. “Toda disciplina social nesse momento precisa ser resgatada”, pediu Nésio Fernandes. “Precisamos voltar a respeitar a violência e o tamanho da doença no nosso Estado e procurar devida avaliação médica para testagem e isolamento e, se agravada a situação, procurar atendimento hospitalar”, orientou.
“Que tenhamos respeito pelo tamanho da pandemia, pelo risco real da doença, independentemente da circulação de novas variantes. Preservar o uso adequado das máscaras, a higiene das mãos e das superfícies, o isolar-se mesmo diante da presença de poucos sintomas e procurar avaliação médica”, recomendou. “Não se automedique, não utilize medicamentos sem comprovação científica, não acredite em práticas que não vão promover saúde em você e na sua família”, disse.

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