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‘A gente não quer ser só público’, cobra comunidade escolar de Aracruz

Audiência pública sobre segurança nas escolas será realizada na próxima quarta-feira, por comissão presidida pelo deputado Alcântaro

Uma audiência pública sobre segurança nas escolas será realizada pela Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa na próxima quarta-feira (29), em Aracruz, norte do Estado. A comunidade escolar da região foi convidada, entretanto, reivindica seu protagonismo. “A gente não quer ser só público”, pontua a integrante do Fórum Antifascista, Leilany Santos Moreira. 

A audiência pública será às 19h, na Oficina de Artes, localizada no bairro Coqueiral de Aracruz, onde, em novembro de 2022, um adolescente de 16 anos invadiu duas escolas efetuando disparos com arma de fogo.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, o atirador deixou três vítimas fatais: as docentes Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amboss. Outras três professoras baleadas sobreviveram, mas estão com sequelas. Depois, o adolescente seguiu para o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), escola da rede privada de ensino, onde matou a estudante Selena Sagrillo. Mais dois alunos foram baleados, mas conseguiram sobreviver. Uma adolescente se encontra na cadeira de rodas.
Informações da Assembleia Legislativa apontam que foram convidados para o debate os secretários de Estado da Segurança, coronel Alexandre Ramalho; e o de Educação, Vitor de Angelo, além de profissionais da educação, diretores de escolas, psicólogos, representantes do Conselho Tutelar e vereadores. Também foi convidado Leandro Bassini, secretário de Educação de Suzano, em São Paulo, onde um adolescente e um homem invadiram uma escola e mataram sete pessoas, em 2019. 
O convite foi feito pelo presidente do colegiado, deputado Alcântaro Filho (Republicanos), que é do município e ex-vereador.
Leilany relata que, assim que a comunidade escolar da EEEFM Primo Bitti recebeu o convite para a audiência pública, questionou se teria espaço de fala, mas não obteve resposta. “A princípio foi um susto, não nos foi dado protagonismo nesse processo. Quem vai falar por nós? Mas estamos dispostos a participar e colocar nosso posicionamento”, diz.
Um dos posicionamentos, destaca, é a necessidade de se focar nas causas do atentado. Para ela, as falas do poder público têm girado em torno de ações como policiamento e instalação de detectores de metal nas escolas. “Por mais que se faça isso, uma pessoa que estava planejando o atentado há dois anos ou mais, como aconteceu, se inteiraria dessas iniciativas”, avalia.
Para Leilany, esse tipo de ação acaba colocando as pessoas “trancadas como reféns”, e as impulsiona a pensar que “todo aluno é suspeito, que um aluno calado é um possível inimigo”. “Vão nos proteger de que? De quem? Os alunos são vítimas ou ameaças a serem combatidas? As causas do atentado, que são o discurso de ódio, as células nazistas, não estão sendo combatidas”, afirma.
Neste sábado (25), uma manifestação irá marcar os quatro meses do atentado às escolas de Aracruz. O protesto será em Coqueiral, para preservar a memória das vítimas e pedir justiça e reparação. A concentração será às 9h30, na Praça da Amizade. De lá, os manifestantes sairão pelas ruas do bairro com um carro de som, fazendo falas e apresentações culturais, com músicas, poesias e outras manifestações artísticas. Os organizadores são o Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda, o Fórum Antifascista e o 8M Unificado, que conta com entidades como o Fórum de Mulheres do Espírito Santo (Fomes).


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