As famílias apontam que a estratégia do governo é impor um acordo que, na prática, não representa nenhum avanço. Segundo os familiares, o acordo foi firmado “na surdina”, sem o aval ou anuência das tropas e o resultado foi divulgado de maneira a induzir os policiais militares a se desmobilizarem. No entanto, a reação foi imediata, rechaçando o acordo e mantendo a mobilização.
O governo vem tentando vencer os familiares pelo cansaço desde a última quinta-feira (9), quando uma reunião de mais de 10 horas resultou sem acordo. Nessa reunião, que supostamente seria de negociação, o governo chegou com a proposta pronta e não aceitou negociar os termos para chegar a um acordo.
Com a negativa em negociar e consequente falta de acordo, o governo apresentou, na sexta-feira (10) com a aplicação de sanções contra os militares. A estratégia de tentar pressionar os familiares passou pela ameaça de que elas pagariam os custos dos soldados da Força Nacional de Segurança (FNS), culminando no acordo firmado com as associações.
O anúncio, feito em horário nobre em rede nacional, que o acordo havia sido firmado pegou o os familiares de surpresa, induzindo uma desmobilização. Essa estratégia também tem o objetivo de colocar a população ao lado do governo, que tenta dar verniz democrático às negociações. A estratégia e mostrar que o governo vem se desdobrando para solucionar a crise de forma negociado, mas a intransigência é dos policiais.
A expectativa dos familiares dos policiais militares é conseguir uma pauta com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que já está no Estado reunido com a cúpula do governo do Estado, para relatar o que vem acontecendo e a forma truculenta como as negociações vêm sendo conduzidas por parte do governo.
Além disso, aceitam negociar com o governo, desde que a negociação não seja restrita ao grupo criado pelo governo, representado pelo secretário de Estado de Direitos Humanos, Júlio Pompeu; de Controle e Transparência, Eugênio Ricas; de Fazenda, Paulo Roberto Ferreira; e o secretário-chefe da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Junior. Os familiares pedem que outros atores sejam convocados para a mesa de negociações, como representantes da Polícia Civil e Polícia Militar. Os familiares não aceitam que as associações voltem a participar das negociações, às quais eles consideram “traidoras”.