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Advogada aponta negligência na morte de detento em Viana

Raquel Curty relata que Fabrício Barbosa Cruz estava doente há um ano, mas não recebeu tratamento médico

O detento Fabrício Barbosa Cruz morreu nessa segunda-feira (30) na Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana, Grande Vitória. A causa da morte ainda é desconhecida, pois a biopsia está em andamento, mas ele reclamava de fortes dores e sangramento ao urinar há cerca de um ano. Entretanto, conforme relata sua advogada, Raquel Curty, não foi dado atendimento médico adequado, o que impossibilitou o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento.

Raquel informa que aguarda o resultado da biopsia para tomar as providências legais contra o Estado, a unidade prisional e o médico que atua nela. De acordo com a advogada, ao falar os sintomas para os agentes penitenciários, o detento chegou a ouvir deles que o relato não era verdadeiro. Para provar que era, urinou no pote da marmita e mostrou o sangue. Entretanto, como não era em todos momentos que urinava que o sangue era expelido, os agentes penitenciários diziam que ele queria arranjar pretexto para “passear, sair da cela”.

Sem a devida atenção da unidade prisional para o caso, a família pagou um ultrassom na rede privada de saúde, mas não foi constatado nada por meio desse exame. Por isso, o médico solicitou a realização de uma tomografia, com urgência. Como a família não tinha condições de pagar, o paciente ficou sem fazer. Posteriormente, apareceram novos sintomas, como uma dor na perna esquerda, um formigamento que ia até o rim.
A partir daí, Fabrício passou a ter perda excessiva de peso e a evitar beber água, uma vez que, quando urinava, a dor era muito forte. De acordo com Raquel, o detento relatava que, em vez de um tratamento médico adequado, era tratado com Dipirona, Buscopan e anti-inflamatórios, até que nessa quinta-feira (26) não conseguiu se levantar da cama, andar, nem falar, sendo levado no dia seguinte ao Hospital Estadual Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha, onde faleceu. 
Raquel relata que entrou em contato com o médico da unidade prisional por diversas vezes, exigindo que fosse dado o tratamento necessário ao detento, mas que o profissional dizia para o paciente, na sua ausência, que não daria por causa da insistência dela. Fabrício, durante o ano em que conviveu com as dores, também procurou a Frente Estadual Pelo Desencarceramento do Espírito Santo (Desencarcera – ES).
Eliana Valadares, que integra a Frente, lamenta o falecimento. “Foi um ano tentando resolver o problema, mas ele morreu. Me coloco no lugar desse pai, dessa mãe, dessa família. A sensação que tenho é de que tentei, mas não consegui. Isso é de doer a alma, minha alma geme”, diz. Eliana denuncia que o que ocorreu com Fabrício não é um caso isolado, pois há muitas situações no sistema penitenciário capixaba em que o detento adoece, mas sua saúde é negligenciada.

Procurada por Século Diário, a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) informou que “o interno recebia acompanhamento de saúde regular na Penitenciária de Segurança Máxima 1, tendo sido encaminhado para a realização de exames e atendimento com especialistas da rede pública de saúde. A Sejus esclarece que no último dia 27 o interno apresentou piora em seu quadro clínico, sendo necessário proceder com a internação no Hospital Estadual Antonio Bezerra de Faria, onde foi a óbito. A Sejus reitera que oferta serviços de saúde de atenção básica nas unidades, com atendimento regular para toda a população carcerária”. 

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