Ato cobrou pena máxima para Vilson Luiz Ballan pelo assassinato de Breno

Amigos, familiares e pessoas que se solidarizam diante do assassinato do jovem Breno Rezende de Carvalho, 25 anos, morto na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória, no último sábado (15), fizeram uma nova manifestação nessa sexta-feira (21). O protesto, realizado após a missa de sétimo dia da vítima, teve concentração na Praça do Carone e depois seguiu para o local onde o crime ocorreu.
Breno foi assassinado por Vilson Luiz Ballan, dono do bar Sofá da Hebe. Segundo testemunhas, ele estava no estabelecimento com amigos quando foi abordado por Vilson, que o acusou de não ter pago uma conta no valor de R$ 16,00. Teria, então, começado uma discussão, já que, de acordo com os presentes, a vítima tinha pago. Posteriormente, Breno foi para outro bar com os amigos, mas Vilson, já armado com uma faca, foi até lá e o assassinou.

O criminoso, que tem passagem pela Polícia por posse de armas e drogas e por desacato, teria fugido do local em um carro branco, no banco do carona, portanto, com outra pessoa dirigindo. Uma das tias de Breno, Flavia de Carvalho, afirma que “mesmo com o coração em pedaços, a família agradece o apoio popular”. “Tudo está sendo muito triste. Foi um crime que a gente não sabe o porquê. Queremos justiça para o meu sobrinho, pena máxima, que ele [o assassino] pague”, clama.

Os manifestantes, com cartazes com dizeres como “pena máxima para o assassino”, “que Vilson Luiz Ballan apodreça na cadeia”, também gritavam “justiça para Breno” e “Breno, presente!”, lembrando que ele era “filho, irmão, sobrinho, amigo, primo e namorado”. Durante o trajeto, um sofá rasgado com a placa “Breno vive!” foi levado até o Sofá da Hebe, o qual foi apelidado de “Sofá Assassino”.

Nessa quarta-feira (19), durante uma coletiva de imprensa, o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, Ramiro Pereira Diniz, informou que o carro usado na fuga de Vilson foi encontrado na casa do irmão dele, com a faca utilizada no crime dentro. O irmão é proprietário do Caldeirão, um bar localizado em frente ao Sofá da Hebe.
Ele foi ouvido pela Polícia Civil (PC), segundo Ramiro, mas os detalhes do depoimento não foram divulgados. De acordo com o delegado geral da PC, José Darcy Arruda, se for constatado que outras pessoas estão envolvidas no crime, serão indiciadas e presas. O Caldeirão foi rebatizado pelos manifestantes como “Caldeirão de Sangue”, e chegou a ter uma de suas portas quebradas durante o protesto numa demonstração de revolta. Diante disso, mais de 10 viaturas chegaram em questão de segundos.

Nas portas do Caldeirão, inclusive, havia um recado assinado pela direção do estabelecimento no qual estava escrito que “é com profundo pesar e respeito que o sócio, os familiares e funcionários do Estabelecimento Caldeirão comunica (sic) que não abrirá suas portas hoje e amanhã, em solidariedade à família e amigos de Breno Rezende de Carvalho, que hoje realizam sua missa de sétimo dia”. A nota estava datada de 21 de março, ou seja, se o aviso é de que não abririam nessa sexta-feira (21) e neste sábado (22), é sinal de que há intenção de abrir nos próximos dias, como se nada tivesse acontecido.

O Caldeirão chegou a abrir depois do assassinato, fechando somente diante do primeiro protesto, feito nessa segunda-feira (17). “Acho isso uma afronta, uma irresponsabilidade, uma demonstração de indiferença. Se a família não estiver envolvida [no crime], ela também é vítima, pois afeta elas também, mas isso [o não fechamento do bar] mostra que não têm noção do que é ser uma pessoa do bem”, apontou o tio da vítima, Max Célio de Carvalho, em entrevista a Século Diário.
Detalhes da prisão
A PC informou durante a coletiva de imprensa que a apresentação do assassino à polícia, ocorrida nessa terça-feira (18), foi efetivada mediante um acordo. “Percebendo que o cerco estava fechando, que não tinha como fugir, que onde ele fosse ia ser preso, a defesa, então, entrou em contato com a DHPP e fez um acordo de apresentação, e ele se entregou. Foi cumprido o mandado de prisão temporária”, informou Ramiro.
O acordo, afirma, contemplava a não exposição de Vilson, por exemplo, por meio da divulgação de suas fotos por parte da PC. Para cumprir o acordo, a corporação também transportou o assassino da DHPP para o Instituto Médico Legal (IML) em uma viatura descaracterizada para não chamar atenção da imprensa. Quanto ao mandado de prisão temporária, Ramiro explicou que é comum solicitá-lo, em vez da prisão preventiva, em casos de “crimes hediondos ou equiparados”.
De acordo com Ramiro, a prisão temporária possibilita que a pessoa fique presa por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para a conclusão do inquérito. Na preventiva, o prazo para a conclusão é de 10 dias, prorrogável por mais 10, portanto, bem menor. O delegado informou, ainda, que o mandado de prisão de Vilson foi expedido na manhã do último domingo (16). Se condenado, a pena para Vilson, acredita Darcy Arruda, será de cerca de 40 anos por homicídio duplamente ou triplamente qualificado, já que a motivação do crime, conforme afirmou, foi fútil e não houve direito à defesa por parte da vítima.
“Dá um pouco de alívio saber que está preso, que vai pagar pelo que fez. Não é fácil, falo por mim, que sou pai. Registrei meu filho, certidão de nascimento, e tive que reconhecer a morte do meu filho na certidão de óbito”, desabafou o pai de Breno, Eduardo de Carvalho.
“É uma dor que não tem reparação, mas esses movimentos de apoio, de manifestação de carinho ao Breno, trazem um pouco de alento ao coração por saber que nosso menino, em pouco tempo de vida, conseguiu construir essa rede de afeto, de carinho, de amor”, diz Max.