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Aprovados em concursos para inspetor penitenciário reagem a projeto de lei para prolongar contratos de temporários

Os aprovados em concursos públicos para os cargos de inspetor penitenciário da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) reagiram ao projeto de lei que tenta aumentar o tempo de contrato de inspetores em designação temporária. Existe um grande contingente de aptos à nomeação aprovados nos concursos de 2006 e 2012 que ainda não foram chamados.

O projeto, de autoria da deputada estadual Raquel Lessa (SD), propõe a prorrogação dos contratos temporários de inspetores penitenciários por cinco anos, em caso de necessidade. A alegação é que a população carcerária do Estado está em franco crescimento e que as vagas não podem ficar ociosas enquanto os certames estão em andamento.

Uma comissão formada por candidatos aprovados nos certames recorreram aos deputados estaduais que compõem a Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa na tentativa de pressionar o governo a nomear os concursados. Somente do concurso de 2012, 300 aprovados já passaram nas cinco das seis fases do concurso, restando apenas a realização do curso de formação.

Por intermédio dos parlamentares, a comissão dos aprovados conseguiu uma reunião com o secretário- chefe da Casa Civil, Paulo Roberto, que alegou que o governo não tem condições de arcar com os R$ 721 mil necessários para a realização do curso de formação. Os aprovados, então, retornaram para os deputados com a informação e os parlamentares afirmaram que abririam mão das emendas parlamentares para que eles pudessem fazer o curso de formação, a última etapa antes que os aprovados possam atuar.

No entanto, a realização do curso de formação não e o único entrave para que os aprovados possam ser nomeados. Além dos 300 que precisam passar pelo curso de formação, existe outro contingente que tenta a nomeação pela via judicial, já que contestam erros nos editais dos dois certames.

O concurso de 2006 tem mais de 150 aprovados lutando na Justiça pelo direito de serem nomeados. Isso porque o edital do concurso previa a realização de um teste físico e um psicológico como uma das etapas eliminatórias do certame. Aproximadamente 200 ficaram reprovados no teste físico e só depois da reprovação descobriram que não existe previsão legal para a realização dos testes.

As reprovações geraram uma série de ações na Justiça contestando a eliminação, mas, como são ações individuais, cada magistrado sentencia de uma forma e em um tempo distinto. Ainda assim, a grande maioria dos juízes tem dado ganho de causa aos aprovados. 

Dos candidatos que recorreram contra o teste físico, 58 já tiveram decisão favorável da Justiça e realizaram o curso de formação entre o dia 13 de julho e 3 de agosto deste ano. No entanto, eles deveriam receber metade do subsídio do cargo durante o curso, mas não receberam nada e tiveram de arcar com todas as despesas de transporte e alimentação durante a capacitação.

O edital do concurso de 2012 também está sendo contestado judicialmente pelos candidatos. O concurso previa um limite mínimo de altura para os candidatos – 1,60 para mulheres e 1,65 para homens – que também é inconstitucional. Os candidatos reprovados pelo limite de altura ingressaram com ações contra este limite.

De acordo com os aprovados, até mesmo o secretário de Justiça, Eugênio Coutinho Ricas, considera a questão da altura irregular, mas a portaria que extinguiu o limite só foi publicada em 2015 e não vale para o concurso anterior. Um das concursados, que tem 1,57 metros de altura, diz que trabalhou quatro anos como agente penitenciária em designação temporária, e só pediu demissão porque passou no concurso. “Sai justamente porque fui aprovada”. Logo em seguida, já desempregada, ela receberia a notícia da desclassificação pelo quesito de altura mínima. “Essa decisão é contraditória e ilegal. Durante os quatro anos em que trabalhei na Sejus ninguém criou problema por causa desses três centímetros, agora isso virou motivo para a minha eliminação”, diz a ex-agente que preferiu não revelar o nome. Ela disse que há pelo menos 20 concursado na mesma situação que a dela, ou seja, barrados por causa da altura.

Além do limite mínimo de altura, o edital do concurso de 2012 também tem equívocos no que diz respeito aos critérios para aprovação dos candidatos. De acordo com o edital, a Sejus chamaria 500 aprovados. No total, 1,2 mil formariam o cadastro de reserva.

No entanto, o mesmo edital considera aprovados aqueles candidatos que fizerem 50 pontos ou mais, sem zerar nenhuma das etapas. Existem mais de mil candidatos que se enquadram neste perfil e que reivindicam estar em condições iguais aos dos 1,2 mil do cadastro de reserva, totalizando mais de 2 mil candidatos nas mesmas condições. O sindicato reivindica que o edital do concurso de 2012 deveria ser para 2,6 mil e não para 500.

Efetivo

Atualmente no Estado existem 1,7 mil inspetores efetivos e 1,8 mil em designação temporária para uma população carcerária de mais de 18 mil internos. O governo insiste que o Estado tem o número de profissionais adequado, segundo recomenda o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), que é um inspetor para cada cinco presos.

Entretanto, a conta do Estado não considera que os inspetores atuam em regime de plantão (24h de trabalho para 72h de descanso), ou seja, no dia a dia das unidades prisionais esta proporção não acontece. Para que o Estado se enquadre nesta recomendação é preciso, pelo menos, segundo o Sindaspes, quatro vezes mais inspetores que os 3,5 mil atuais, ou seja, o número ideal seria cerca de 12 mil inspetores para a população atual.

 
Deputados defendem convocação
 
O deputado Gilsinho Lopes (PR), da Comissão de Segurança da Assembleia, que vem dando apoio aos concursados, lembrou que em 2010 o Estado possuía número de vagas e profissionais suficientes para manter a ordem no sistema prisional, mas que isso se perdeu. “Em 2011 tínhamos 11 mil presos, hoje estamos com 18.500, mas com uma redução drástica de servidores da Sejus, existem concursados que não foram nomeados”, apontou o parlamentar.
 
Ele pediu a nomeação de mais profissionais para ajudar na prestação do serviço nos presídios. “Temos um grupo de 2006 que a Justiça determinou a convocação e até hoje não foram. Na reserva do concurso de 2013 [na verdade 2012] tem mais de 300, até abrimos mão de emendas nossas para eles fazerem o curso de formação. Eles poderiam evitar fugas e motins e não foram contemplados”.
 
O deputado se referia ao fato de o Estado ter alegado aos candidatos aprovados em 2012 que não tinha recursos para custear a formação. Segundo os candidatos o curso de formação custa cerca de R$ 700 mil. Eles disseram que conversaram com os deputados, que de comprometeram a pôr parte das verbas parlamentares à disposição da Sejus para bancar a formação.
 
Euclério Sampaio (PDT), presidente da Comissão de Segurança Pública, disse que o colega tinha razão em suas cobranças e reforçou o pedido de convocação dos agentes concursados. “O secretário (de Justiça) Eugênio Ricas está empenhado em resolver essa questão, até já pediu para a Secretaria de Planejamento, mas não está andando, é só cumprir o concurso”, afirmou.

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