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Associações da PC repudiam afastamento de investigadores por delegado-geral

Um vídeo que viralizou nas redes sociais serviu de argumento para afastar dois investigadores da Polícia Civil que participaram de uma passeata nessa segunda-feira (25) na Avenida Reta da Penha, em Vitória, em protesto da Frente Unificada de Valorização Salarial dos Policiais Civis, Militares e Bombeiros. O afastamento, que passa a valer a partir desta quarta-feira (27), causou forte indignação das associações de classe dos policiais civis, sobretudo a dos investigadores, que soltaram uma nota de repúdio. 

Nas imagens, dois investigadores discutem com um servidor dos Correios, que estava retido após a passeata em uma moto. O próprio motoboy gravou a cena em que os servidores da Polícia Civil demonstram nervosismo. Enquanto alega-se possível abuso de autoridade, os policiais argumentam que quase foram atropelados. 

Na nota de repúdio, assinada pela Associação dos Investigadores de Polícia do Espírito Santo (Assinpol-ES) e pelo Sindicato dos Investigadores do Estado (Sinpol-ES), os policiais afirmam que a atitude do delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, foi precipitada e “contrária aos preceitos legais e constitucionais, que antes de estabelecer uma apuração isenta, técnica, equilibrada e pautada na busca pela verdade dos fatos, determinou a imediata instauração de Processo Administrativo Disciplinar com afastamento sumário das funções dos policiais civis”.

As entidades alegam que os servidores contiveram o motociclista que teria quase atropelado uma policial que caminhava na passeata organizada pela Frente. 

No documento, prosseguem: “Ao contrário da nota veiculada, na qual alega que tal afastamento sumário é para garantir 'transparência', a Chefia de Polícia age de forma parcial e desconsiderando outras provas testemunhais e, pior, sem analisar as repercussões negativas nas forças policiais de sua medida precipitada de pré-condenar os envolvidos… Deve-se perguntar à Chefia de Polícia como os policiais civis irão trabalhar com respaldo desta gestão, que neste caso atuou a reboque dos acontecimentos e repercussão midiática, preterindo a verdade dos fatos? Portanto, antes de se condenar os policiais com base em um vídeo que registrou uma parte do ocorrido,  é importante refletir sobre o que realmente ocorreu. Informamos que não deixaremos ambos policiais civis serem achincalhados como meio de agradar a clamores infundados e daremos todo apoio jurídico que precisarem”, concluem.

Manifestam apoio à nota o Sindicato dos Delegados de Polícia do Espírito Santo (Sindepes) e a Associação dos Delegados de Polícia do Espírito Santo (Adepol-ES), entidades que também estavam presentes ao ato.

Fontes da Polícia Civil, que preferiram o anonimato, disseram que com tal atitude, o delegado-geral da Polícia Civil, que já sofre críticas internas e externas pela sua gestão, terá sua relação ainda mais tensionada com a base da PC. Segundo os policiais, o que causou indignação é que em casos mais graves, que envolvem até indícios de crimes contra a administração pública, como corrupção, José Darcy Arruda não teve a mesma postura rígida de afastamento imediato das funções. A atitude também é encarada como represálias pelas manifestações que estão em curso e que pleiteiam reajuste salarial. 

Protesto

No momento da gravação do vídeo, agentes da Segurança Pública do Espírito Santo realizavam um protesto. A manifestação contou com ato em frente à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória e uma passeata pela Avenida Reta da Penha. Policiais civis, militares e integrantes do Corpo de Bombeiros iniciaram um ciclo de atos públicos até o governo do Estado oferecer uma oferta concreta de valorização salarial. 

Na semana passada, integrantes da Frente se reuniram com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Espírito Santo, José Carlos Rizk Filho, que, por sua vez, se comprometeu em agendar um encontro com o governador Renato Casagrande (PSB) para intermediar e reforçar o pleito dos policiais. 

Utilizando dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE), A Frente Unificada afirma que governo do Estado tem saúde financeira capaz de aproximar as remunerações dos agentes de segurança capixabas à média nacional. Os dados apresentados indicam que o Espírito Santo auferiu um superávit orçamentário de R$ 2,7 bilhões nos primeiros meses deste ano. 

 

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