Crime completa quatro meses no próximo dia 25 e vítimas ainda não recebem a devida assistência
Uma manifestação irá marcar os quatro meses do atentado a escolas de Aracruz, norte do Estado, em novembro último. O protesto será no próximo dia 25, em Coqueiral, para preservar a memória das vítimas e pedir justiça e reparação.
A concentração será às 9h30, na Praça da Amizade. De lá, os manifestantes sairão pelas ruas do bairro com um carro de som, fazendo falas e apresentações culturais, com músicas, poesias e outras manifestações artísticas. Os organizadores são o Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda, o Fórum Antifascista e o 8M Unificado, que conta com entidades como o Fórum de Mulheres do Espírito Santo (Fomes).
O atentado ocorreu primeiro na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, onde, após arrombar o cadeado, um adolescente de 16 anos entrou e fez diversos disparos na sala dos professores, vitimando fatalmente as docentes Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amoss. Outras três professoras baleadas sobreviveram, mas estão com sequelas. Depois o atirador seguiu para o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), escola da rede privada de ensino, onde efetuou mais disparos e matou a estudante Selena Sagrillo. Outros dois alunos também foram baleados, mas conseguiram sobreviver. Uma adolescente se encontra na cadeira de rodas.
A professora recorda que o atirador usava uma suástica e que
tanto ele quanto o pai faziam postagens de apologia ao nazismo. “Não se pode dizer que a família não tem responsabilidade diante do ocorrido, principalmente o pai, que comprou um livro de Hitler para o filho ler. É preciso combater as células nazistas que existem no Espírito Santo e no restante do país”, defende Leilany, que integra o Coletivo Astrogilda e o Fórum Antifascista.Quanto a toda a comunidade escolar, lembra que após o atentado, em parceria com a Prefeitura de Aracruz, o governo do Estado disponibilizou no posto de saúde de Coqueiral de Aracruz um psicólogo e um psiquiatra para atender esse público. O quantitativo, contudo, é considerado insuficiente. Para piorar a situação, o contrato dos profissionais era de três meses e, passado esse período, não foi renovado.
Os alunos também apresentam mudanças de comportamento, estando mais dispersos, demonstrando medo e tristeza A docente narra que uma estudante confidenciou que fica nervosa quando toca o sinal do recreio, pois foi depois dele que o atirador invadiu a escola. “Assim como ela sente isso, muitos outros devem sentir, por isso, devemos ser ouvidos e assistidos”, reivindica.