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Ato em Vitória pede justiça para Julieta Hernandez, palhaça assassinada

Ato sairá da Praça Costa Pereira rumo à Praça do Papa, trajeto que a artista gostava de fazer quando estava em Vitória

Nascida na Venezuela, com sua bicicleta Julieta Hernandez, a palhaça Jujuba, foi longe, chegando a vários lugares da América Latina, inclusive Vitória, onde fez amigos. Em nome dessa amizade, acompanhada de indignação diante do assassinato da artista, ocorrido em Presidente Figueiredo, no Amazonas, será realizada uma manifestação pedindo justiça. o ato acontecerá na próxima sexta-feira (12), com concentração às 18h30, na Praça Costa Pereira, Centro de Vitória, rumo à Praça do Papa, na Enseada do Suá. A manifestação acontecerá em vários estados, convocada pela Rede de Palhaças do Brasil.

Luara Monteiro

A escolha pelo trajeto, informa a integrante do Lacarta, Amora Gasparini, foi por ser um percurso que a própria Julieta gostava de fazer e devido ao fato de que ela era cicloviajante, portanto, a ideia é percorrer um trajeto onde haja ciclovia para que os ciclistas tenham mais segurança. O ato conta com a organização do Lacarta, do Grupo Árvore e do Grito da Cultura, com adesão de grupos de cicloativistas, que confirmaram presença. “A gente conta com a participação de quem a conheceu, mas também de quem não a conheceu. Era uma estrangeira que veio trazer amor para a gente, espalhou sorriso, arte, foi morta no nosso país indo para sua casa, já chegando na Venezuela, pertinho de rever sua mãe”, diz Amora.

Conforme divulgado pela Agência Brasil, Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos, proprietários da Pousada onde Julieta estava hospedada, confessaram o crime. A artista dormia em uma rede quando foi abordada por Thiago, que havia usado crack e queria roubar seu celular. A palhaça foi estuprada por ele. Por isso, Deliomara ateou fogo em ambos, mas mesmo assim o criminoso conseguiu dar um mata leão na vítima, que desmaiou e foi enterrada no quintal. O crime foi cometido no dia 23 de dezembro.

Amora relata que, preocupado com sua segurança, um grupo de palhaças monitorava Julieta em seu trajeto. Contudo, a última vez que conseguiram contatar a artista foi em Manaus. A dificuldade para fazer novos contatos gerou preocupação. Por isso, foi feita uma vakinha para que as palhaças do grupo Pé Vermei fossem até Manaus. Lá, elas denunciaram na polícia o sumiço de Julieta, dando início às investigações que culminaram na descoberta do corpo, nesse sábado (6). Portanto, sem a mobilização realizada, muito possivelmente o caso não teria sido elucidado.

A Justiça decretou prisão em flagrante para o casal, mas nesta segunda-feira (8) converteu em preventiva, pois há provas de que o casal é autor do crime, que, segundo a Justiça, foi cometido com requintes de crueldade. Por isso, a preventiva é, também, “para resguardar a ordem pública”. O traslado do corpo para a Venezuela já está garantido. Agora, informa Amora, está sendo realizada uma outra vakinha, dessa vez, para auxiliar na permanência da mãe e da irmã de Julieta em Manaus. As duas vieram para fazer a liberação do corpo, mas o processo é demorado. As contribuições podem ser feitas pelo paypal [email protected].

Amora recorda que conheceu Julieta em 2017, quando ambas estudavam na Escola Livre de Palhaços do Rio de Janeiro. Em 2018, a artista veio para Vitória, onde participou do Encontro Internacional de Palhaças. No ano seguinte, quando o evento passou a se chamar Divas – Encontro de Palhaças na Ilha do Mel, Julieta também esteve na Capital. A palhaça ficou uns tempos na casa de amigos de Vitória durante a pandemia da Covid-19, que a impossibilitou de retornar para a Venezuela, como planejava.

Suellen Suzano

Julieta conheceu muitas pessoas em Vitória, fez muitas amizades. Amora atribui isso ao fato de ela sempre “demonstrar generosidade por onde passava”. “Ela era especial, tinha muita luz. Por isso que está todo mundo chocado, não só pela brutalidade do crime. Quando ela chegava em um lugar ela queria viver, conhecer, ajudar a comunidade”, diz a integrante do Lacarta, que lembra, inclusive, que Julieta ajudou na distribuição de cestas para famílias de Vitória durante a pandemia.

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