O episódio reforça como é frágil a segurança no sistema penitenciário e no socioeducativo do Estado. Os resgates de internos dos dois sistemas estão se tornando frequentes, principalmente por conta do baixo efetivo de inspetores penitenciários e de agentes socioeducativos.
Georges cumpria pena pelo assassinato de Fillipo Pelis, morto 10 de julho de 2015 na Praia da Costa. No dia seguinte ao resgate o interno teria um compromisso com a Justiça, que não foi cumprido por conta da fuga. O pai de Fillipo, Marcos Barbosa, chegou a oferecer R$ 1 mil de recompensa por informações sobre o paradeiro de Georges, mas até o momento não houve contatos.
Além do resgate do preso em abril ocorreu, em 11 de maio, o resgate de um adolescente por dois homens armados na Serra. O adolescente havia sido conduzido para consulta odontológica no bairro de André Carloni, na Serra, por dois agentes socioeducativos quando, na saída da consulta dois homens armados renderam os servidores e levaram o adolescente.
Os homens que renderam os agentes chegaram a pé e conseguiram fugir com o adolescente. Informações preliminares dão conta que o adolescente cumpre medida por ato infracional equivalente a homicídio.
Já em outubro de 2015, um adolescente em cumprimento de medida socioeducativa foi resgatado por outros dois no município de Pinheiros, na região norte. Ele cumpria medida na Unip de Linhares, também na região norte e havia passado por audiência no município de Mucurici.
Neste caso, os adolescentes chegaram a ameaçar os agentes de morte, apontando as armas para o rosto deles, mas foram contidos pelo próprio jovem que estava sendo escoltado.
Os casos expõem a fragilidade dos sistemas prisional e socioeducativo do Estado, que sofre com baixo efetivo e precárias condições de trabalho para inspetores e agentes. No entanto, o governo, em vez de realizar concursos públicos para contratação de pessoal qualificado, lança mão de contratações temporárias, que resulta em vínculos precários com o Estado.
Este tipo de contratação, inclusive, vem sido questionado na Justiça. Na última sexta-feira (20) foram nomeados os inspetores penitenciários da turma Fox do concurso público de 2012 da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). A nomeação só aconteceu depois de muita pressão dos aprovados que, mesmo depois da conclusão do curso, não haviam sido chamados.
Além da primeira chamada, de 50 aprovados, ainda haverá outras quatro, totalizando 249 aprovados.
A nomeação só aconteceu depois de uma liminar do desembargador Walace Pandolpho Kiffer, que suspendeu as nomeações de um processo seletivo simplificado para a contratação temporária de inspetores penitenciários aberto pelo governo, o que abriu caminho para a chamada dos aprovados em concurso.