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Crise na Segurança Pública derruba comandante da PM

Diante da total impossibilidade de retorno do diálogo entre a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) com representantes dos familiares e amigos de policiais militares que desde a última sexta-feira (3) bloqueiam a saída de viaturas dos batalhões de todo o Estado, o secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, anunciou, na manhã desta segunda-feira (6), a mudança no comando da Polícia Militar. Sai o coronel Laércio Oliveira, que havia assumido o posto há 21 dias, para a entrada do coronel Nylton Rodrigues. Em entrevistas concedidas na manhã desta segunda-feira à imprensa, o secretário alegou que a mudança de comando permite que decisões sejam tomadas.
 
Logo após o anúncio da troca do Comando da PM, surgiu um “boato” nas redes sociais de que o coronel Nylton Rodrigues teria entregado o cargo. O Comando da PM desmentiu a informação e afirmou que Nylton Rodrigues está trabalhando normalmente para resolver a paralisação da Polícia Militar.

O coronel Rodrigues foi secretário de Defesa Social da Serra até 2016, mas não teve o convênio de cessão renovada por parte do governo, e retornou à Polícia Militar em 2017. Antes de assumir a secretaria, ele foi comandante do 6º Batalhão da Serra por três anos.

O pedido de auxílio ao governo federal das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança (FNS) foi autorizado e ainda nesta segunda-feira deverá haver circulação de tropas federais fazendo o policiamento ostensivo na Grande Vitória. Garcia também relatou que o Comando da PM lançará uma escala, convocando policiais de folga e do serviço administrativo, que devem fazer, pelo menos, o policiamento a pé.

Enquanto Sesp e entidades classistas de policiais – que dizem nada ter a ver com o movimento dos familiares – travam uma “queda de braço” para apontar responsabilidades sobre a falta de policiamento, a população segue desprotegida.

No entanto, essa crise na Segurança Pública, que aos olhos da população explodiu apenas no último fim de semana, vem sendo maturada ao longo de anos de falta de diálogo do governo com as categorias, que pedem a revisão anual dos vencimentos e outras reivindicações pela melhoria das condições de trabalho.

As entidades classistas de policiais militares participaram de reuniões com o governo por mais de um ano levando reivindicações que sequer teriam impacto financeiro ao Estado – como adequação das escalas de trabalho e mudanças no regimento da polícia – e vinham alertando que a situação era semelhante a um “barril de pólvora” prestes a explodir.

Essas entidades, no entanto, se eximem de responsabilidade sobre o movimento, que teria surgido de maneira espontânea, capitaneado por familiares insatisfeitos com o rumo das negociações e com a falta de reajuste há sete anos e sem revisão dos vencimentos há três anos.

A Sesp, que havia se comprometido em continuar a negociação com as famílias dos militares – que se organizaram em comissões e estruturaram uma pauta de reivindicações, que seria apresentadas às 13 horas desta segunda-feira – suspendeu a negociação até que o policiamento volte às ruas, criando um impasse e agravando ainda mais a insegurança, principalmente na Grande Vitória.

Especialistas em segurança apontam que a situação deveria ter tido uma intervenção mais precoce das forças nacionais, ainda no fim de semana, e que o exército, que está mais próximo, já deveria estar nas ruas.

O que é perceptível, nesta crise, é que ela foi construída com o tempo, uma vez que os policiais estão há sete anos sem reajuste. A desatenção com a área de segurança pública – que não recebe investimentos e também foi alvo dos cortes lineares empregados pelo governador Paulo Hartung (PMDB), quando assumiu o governo – leva a situações como a que o Estado enfrentou neste fim de semana.

 
Instituições fechadas
 
Além dos inúmeros relatos de violência – amplamente divulgados pelas redes sociais – durante o fim de semana, a “greve branca” dos militares também afetou a rotina das demais instituições. Nesta segunda-feira, as aulas nas escolas públicas e particulares foram suspensas. Nas ruas, algumas lojas e empresas decidiram não abrir suas portas, que se arriscou a abrir, tornou a fechar, com relatos de novos casos de roubos e assaltos.
 
O Tribunal de Justiça e o Ministério Público suspenderam as atividades nos fóruns e promotorias na Grande Vitória. A Justiça do Trabalho também não terá expediente forense. A contagem dos prazos processuais também foi suspensa.

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