Organização de festival em Patrimônio da Penha rebate críticas sobre atuação no distrito
“Nos orgulhamos de, em três edições, nunca termos registrado caso de violência ou ocorrência policial durante o festival. Sempre tivemos o apoio das instituições de segurança pública, solicitado por meio de ofícios, reuniões com as autoridades e da contratação de serviços especializados (segurança privada, brigadistas, ambulância, entre outros). Segurança sempre foi prioridade!”.
A fala é de Eduardo Klein, organizador do Penha Roots, festival de forró e reggae que acontece anualmente em Patrimônio da Penha, distrito de Divino de São Lourenço, no Caparaó capixaba. Klein procurou Século Diário nesta segunda-feira (13) para rebater informações veiculadas em uma matéria do jornal, que aborda preocupações de moradores sobre o cumprimento de protocolos para a realização de eventos.
O Penha Roots foi citado por moradores, apesar de não haver atribuição de culpa direta do evento sobre nenhum ato criminoso. Em nota oficial, o organizador do Penha Roots disse lamentar os fatos ocorridos em Patrimônio da Penha durante o revéillon, quando houve briga generalizada, tiros e dois mortos, mas disse que a matéria traz “falas levianas” sobre o festival, “imputando a nós quase que uma responsabilidade pelo ocorrido”.
Sobre a informação de que a edição de abril deste ano foi agendada sem consulta prévia à comunidade e à prefeitura, Eduardo afirmou que a data foi “comunicada verbalmente ao poder público municipal, antes de qualquer divulgação”, e defendeu que “a data deve atender às necessidades da vila, do evento e oportunizar a vinda de mais turistas, além dos já previstos pela comunidade”.
Ele rebateu também o que classificou como “uma série de contrassensos citados por uma pessoa até conhecida do evento”, citando que o festival teria cumprido, sim, com uma série de contrapartidas, como: “redução de lixo descartável com uso de copos ecológicos; aumento da capacidade energética da vila com novo transformador solicitado pelo evento à [EDP] Escelsa, herança deixada após uma das edições; Campanhas de preservação ambiental direcionadas aos turistas; Direcionamento dos alimentos arrecadados na ação solidária; Contratação de mão de obra local; incremento nunca antes visto na economia local, para todo o trade turístico (restaurantes, hospedagens, cafeterias, etc)”.
Klein também se disse surpreso com uma fala denunciando suposta falta de valorização dos artistas locais, “uma vez que mediante registros, a mesma [moradora que fez a fala] e outros artistas se apresentaram em mais de uma oportunidade”.
“Por fim, mesmo após insistentes tentativas de descredibilizar o festival, estamos à disposição da comunidade e de seus representantes para encontrar um caminho da paz, do diálogo e da legalidade”, fecha a nota.
Contexto
Durante as festividades de Ano Novo, duas pessoas morreram em um acidente de carro, após uma briga generalizada que resultou em tiros e um veículo incendiado em Patrimônio da Penha. Os fatos alarmaram moradores da vila, reconhecida pelas belezas naturais e por ser um reduto da cultura alternativa. Houve uma manifestação cultural no último dia 5, que serviu como ato político, e uma reunião comunitária sobre o assunto no dia 6.
Segundo moradores, festas com carros de som e brigas têm se tornado mais constantes nos últimos anos, por conta da ausência das forças de segurança e de fatores sociais relacionados às cidades do entorno. Um agravante seria a realização de grandes eventos sem que protocolos comunitários fossem seguidos da maneira correta. Uma atualização dos protocolos deverá ser feita por um grupo de trabalho.