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Deputada quer saber perfil das mulheres vítimas de homicídio em Vila Velha

Dos 42 homicídios no Estado este ano, 11 foram em Vila Velha. Para Janete de Sá, perfil das vítimas pode nortear políticas públicas

A deputada estadual Janete de Sá (PSB) encaminhou ofício à gestão de Arnaldinho Borgo (Podemos), para discutir ações de combate à violência contra a mulher em Vila Velha. Como apontou em discurso na Assembleia Legislativa nessa terça-feira (17), dos 42 homicídios de mulheres no Espírito Santo este ano, 11 foram no município. Uma das propostas que ela pretende levar para o gestor, é a realização de um estudo sobre o perfil das vítimas, para servir de base na elaboração de políticas públicas.

A parlamentar, que preside a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher e Combate à Violência Familiar e Obstétrica, acredita que é preciso averiguar informações como a escolaridade das vítimas, local de moradia, cor da pele, idade, condição social e religião. “Se são pessoas vulneráveis economicamente, uma das alternativas pode ser capacitação profissional, ações de geração de emprego e renda”, diz a deputada, que defende a participação da academia na elaboração dessa pesquisa.

Janete também ressaltou a participação da sociedade civil na implantação das políticas a serem criadas a partir dos dados obtidos. Ela afirma, por exemplo, que dependendo da quantidade de vítimas pertencentes a um determinado segmento religioso, é importante envolver os líderes religiosos. A efetivação dessas políticas deve ser feita principalmente pela gestão municipal e pela Câmara de Vereadores, que pode criar projetos de lei de combate à violência contra a mulher, aponta a deputada.
Entretanto, Janete salienta que a Assembleia pode auxiliar buscando aporte financeiro junto ao Estado, caso necessário. Outra forma seria atuar como ponte entre organizações como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para oferta de cursos de capacitação, caso seja identificada essa necessidade, além da interlocução com a gestão estadual para parcerias com projetos como o “Homem que é Homem”, realizado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) com a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH).
No caso desse projeto, onde são apresentados conceitos para o desenvolvimento da cultura de respeito e não violência, inclui homens que praticaram feminicídio, o que ainda não foi registrado em Vila Velha este ano. Entretanto, Janete explica que casos classificados como homicídio podem ainda ser registrados como feminicídio, uma vez que, em muitos deles, o inquérito ainda não foi finalizado. Além disso, novos casos, tanto de homicídio quanto de feminicídio ainda podem surgir.
A deputada recorda que a última vítima de homicídio em Vila Velha foi Priscila Silva Borges, de 37 anos, morta a tiros por três homens junto com o companheiro em frente a um bar mercearia em Soteco, na frente dos filhos.
A violência contra a mulher também tem preocupado movimentos sociais de Vila Velha. Val Nunes, integrante do Nossa Voz Mulheres, relata que a maior parte desses crimes acontece nas comunidades periféricas. “A informação não chega até a periferia. As campanhas educativas, sobre como e onde denunciar, e até mesmo identificar formas de violência, pois muitas vezes as coisas são muito naturalizadas, têm sido feitas principalmente pela internet, e várias mulheres periféricas não têm acesso”, alerta.
Val conta que, durante período da pandemia, atuou como educadora social em um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de uma comunidade de Vila Velha, que prefere não identificar, e era alta a demanda de mulheres solicitando ajuda para ter acesso à internet para acompanhar aulas online. Outro problema que contribui para que relacionamentos abusivos culminem em assassinatos, afirma Val, é a dependência financeira. “A pandemia aumentou o desemprego e o subemprego entre as mulheres, fazendo com que viesse do marido a principal fonte de renda. Como terminar um relacionamento, principalmente se há filhos para criar?”, questiona.

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