Os detentos da Penitenciária de Segurança Máxima 1 (PSM1), em Viana, na Grande Vitória, encerraram, nesta sexta-feira (26), a greve de fome iniciada no último sábado (20). Familiares, que não quiseram se identificar por medo de represálias, afirmam que houve um acordo entre os apenados e a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), contudo, ainda não sabem do conteúdo, uma vez que nem as famílias nem os advogados participaram. Século Diário demandou a pasta quanto ao que foi acordado. A Sejus confirmou o fim da greve de fome, mas não revelou o conteúdo do acordo.
A esposa de um detento relata que a greve de fome começou após um princípio de rebelião, no último sábado. De acordo com ela, os detentos se queixaram com os agentes penitenciários sobre o tratamento dado às visitas e também aos presos, que reclamaram dos xingamentos dirigidos a eles quando subiam para a galeria, onde se encontram as celas, após as visitas. Os que estavam no banho de sol se juntaram ao grupo, que discutiu com os agentes, tacou objetos em sua direção, e foi alvejado com spray de pimenta e bala de borracha.
A partir daí as visitas foram proibidas. Na segunda-feira (22), outros detentos aderiram à greve de fome, chegando a cerca de 90%. De acordo com a esposa do detento, além do fim dos maus tratos às famílias e aos presos, a reivindicação também é a retirada do diretor. “Querem um diretor com visão de ressocialização, não de punição o tempo todo. Não estão pedindo para passar pano. Eles já estão pagando pelo que fizeram, e é preciso que isso seja feita de forma humanizada”, defende.
A familiar faz críticas ao governador Renato Casagrande (PSB) por não dar atenção às demandas dos detentos. “Ontem o governador foi em Viana para inauguração de uma cozinha para atender as unidades do Complexo de Viana. É uma hipocrisia, é bem estranho, detentos ali em greve de fome e o governador tirando foto sorrindo, inaugurando a cozinha”, diz.
A irmã de um detento relata que, na segunda-feira (22), houve uma reunião entre os familiares e representantes da Sejus, na qual foram apresentadas as reivindicações dos detentos. No que diz respeitos aos maus tratos com as famílias e os presos, a pasta afirmou que irá estudar como mudar essa situação, além de conversar individualmente com agentes penitenciários que foram nominados pelas famílias. Quanto à exoneração do diretor, a Sejus afirmou não ser possível.
No decorrer da semana os familiares também realizaram duas manifestações. Uma nessa quarta-feira (24), com uma caminhada da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) até a Sejus. A outra foi nesta sexta-feira, com concentração na alça da Terceira Ponte e caminha até o Ministério Público do Espírito Santo (MPES).