O questionamento que sobra desta redução registrada em São Paulo é sobre o que aquele estado fez para apresentar índices abaixo do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera aceitável – que é taxa de até 10 homicidios por 100 mil – mesmo com uma população de mais de 44 milhões de habitantes. No Estado, que tem 3,9 milhões, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os índices permanecem altos e a violência é considerada epidêmica.
Enquanto em 2015, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Público (Sesp), foram registrados 1.391 homicídios no Estado, em São Paulo foram 3.757 mortes violentas. Para que o Estado atingisse a taxa de 8,4 mortes por 100 mil, assim como São Paulo, teriam de ter ocorrido 330 homicídios durante todo o ano. em outras palavras, a chance de uma pessoa ser assassinada no Espírito Santo é quatro vezes maior do que em São Paulo.
No entanto, 330 não é nem o número de homicídios ocorridos na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) em 2015. De acordo com o balanço da Sesp (que não incluiu na conta o município de Fundão), foram registrados 802 homicídios na Grande Vitória.
Nesta segunda-feira (25), a ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal divulgou o ranking das 50 localidades mais violentas do mundo em 2015 e a RMGV está na 31ª posição, com taxa de 41,9 homicídios por 100 mil em 2015.
Comemoração
O anúncio dos números de homicídios em 2015 foi anunciado em tom de comemoração pelo secretário de Segurança Pública, André Garcia, em 5 de janeiro deste ano. Durante a apresentação dos dados, o secretário supervalorizou os resultados. Disse que a redução de 9% nos homicídios entre 2014 e 2015 só foi possível graças à gestão integrada com foco nesta redução e no trabalho conjunto das polícias Militar e Civil. No entanto, a desaceleração dos assassinatos vem acontecendo ano a ano, e de maneira mais efetiva, desde o governo Renato Casagrande (PSB), entre 2011 e 2014, mesmo assim, os números estão muito longe dos índices recomendados pela OMS.
Apesar dos índices altos em todo o País (média de 30 homicídios/100 mil), a redução nos assassinatos é uma tendência de estados com altos índices de mortes violentas. Alagoas, por exemplo, que é o estado que figura no topo do ranking nacional de homicídios, e que teve sempre o Espírito Santo no seu encalço, na vice-liderança, reduziu em 18% os homicídios entre 2014 e 2015. Portanto, o dobro da redução do índice festejado por Garcia.
O secretário de Segurança Pública de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, apresentou os dados de homicídios do estado um dia antes do anúncio do Espírito Santo. Naquele estado, foram registrados 1.804 homicídios, enquanto em 2014 foram 2.201.