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Enterro de adolescente morto no Bonfim é marcado por protesto

Moradores pediram justiça, fim da militarização da polícia, e recordaram outros jovens assassinados 

O enterro do adolescente Danilo Cândido de Jesus, de 16 anos, foi marcado por um protesto feito por moradores da comunidade. O rapaz, assassinado nessa quinta-feira (24) durante uma ação policial no bairro Bonfim, no Território do Bem, em Vitória, foi enterrado às 9h30 deste sábado (26), no Cemitério de Maruípe. Antes do enterro, os moradores se concentraram às 9h em frente à Escadaria do Trabalhador.

Da escadaria eles seguiram a pé rumo ao cemitério, atrás do carro da funerária, que transportava o caixão. Segundo Crislayne Zeferina, integrante do Coletivo Beco, entidade da sociedade civil que atua na região, durante o trajeto as pessoas pediram por justiça, pelo fim da militarização da polícia e recordaram outros jovens do Território do Bem assassinados em operações policiais.

Manifestantes acompanham o carro da funerária rumo ao cemitério. Foto: Divulgação

Os manifestantes também carregavam cartazes e bolas brancas. O protesto deste sábado não foi o primeiro após o conflito ocorrido na última quinta-feira. Na manhã dessa sexta-feira (25), os moradores tacaram fogo na frente da Escadaria do Trabalhador, que dá acesso à casa de Danilo, em cujo quintal o jovem foi assassinado, havendo repressão violenta da Polícia Militar (PM).

Em um vídeo que circula nas redes sociais, uma mulher que se identifica como tia de Danilo relata que os policiais estavam em um beco, de onde atiraram no jovem. “Eles não socorreram, não ajudaram meu sobrinho”, diz a moça no vídeo sobre a PM. Crislayne afirma que, após ser baleado, Danilo foi levado para a rua, pois a família queria ajuda para socorrê-lo, o que foi negado pelos policiais.

O socorro, afirma, veio somente depois de muita insistência, mas sem que nenhum integrante da família pudesse acompanhar o rapaz na viatura rumo ao Hospital São Lucas, onde veio a óbito. Segundo Crislayne, Danilo era integrante do Projeto de Jovens que Conecta a Juventude, do Coletivo Beco, no qual participava de oficinas artísticas.
A tia de Danilo, no vídeo, ressalta que os policiais chegaram a bater em uma menina de 12 anos e, enquanto os familiares tentavam socorrer o rapaz, foram ameaçados com spray de pimenta. Outro jovem, identificado por Crislayne como Otoniel, foi baleado na “barriga” da perna. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra ele no chão, com dezenas de homens, mulheres, adultos e crianças pedindo desesperadamente por socorro, enquanto vários policiais observam a cena fortemente armados.
Ouve-se ainda a mãe de Otoniel pedindo socorro e falando “meu filho não está morto”. Outras mulheres falam da “tranquilidade [dos policiais] depois de balear duas pessoas”. Enquanto isso, algumas pessoas mostram preocupação com Danilo perguntando por notícias dele, que já havia sido encaminhado para o hospital. Na sequência, os moradores ameaçam denunciar os policiais na Corregedoria da PM, mas alguns mostram descrença nesse mecanismo e falam “Corregedoria é o quê, nós vamos tacar fogo em tudo”, e sugerem fazer protesto na avenida Marechal Campos.
De acordo com Crislayne, o tiro em Otoniel foi de raspão e o jovem passa bem.

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