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Entidades exigem apuração e punição a envolvidos em ação violenta no Bonfim

Nota de repúdio critica ações midiáticas da Secretaria de Segurança, agora comandada pelo coronel Ramalho

A violência policial registrada no último sábado (2) no Território do Bem, mais precisamente no bairro Bonfim, em Vitória, gerou reações de mais 15 entidades, que assinam uma nota em que “repudiam veemente a conduta irresponsável das polícias Militar e Civil” e exigem a apuração dos fatos e a responsabilização dos envolvidos. Em meio a uma operação para cumprimento de mandados de prisão, a polícia, segundo os moradores, chegou ao local atirando a esmo, destruindo bens materiais e ofendendo verbalmente as pessoas. 

As entidades afirmam que a operação mostra falta de preparo da PM e não é uma exceção. Welington Barros, presidente estadual da União de Negros e Negras por Igualdade (Unegro), uma das entidades que assina o documento, denuncia que a violência nas comunidades periféricas é algo recorrente. “O poder público não chega com lazer, cultura, educação, mas chega com a força policial”, critica.

Ele acredita que uma das motivações da ação violenta é a recente troca do comando da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), ocorrida em sete de abril, ocasião na qual o coronel Alexandre Ramalho assumiu a secretaria no lugar do delegado federal Roberto Sá. “Sempre que tem troca de secretário de Segurança, tem operações violentas nas comunidades periféricas para poder mostrar serviço. São ações midiáticas”, diz. 
Na nota, as entidades apontam que a PM costuma assassinar a partir de um “equivocado princípio de ‘filtragem racial”, pessoas pretas e pobres, moradoras das periferias, “população que mais sofre com a violência estatal”.

Welington exemplifica essa questão do racismo por meio da Lei de Drogas de 2006. De acordo com ele, essa lei não estabelece a partir de qual quantidade de droga ilícita encontrada a pessoa pode ser considerada traficante ou usuário, cabendo ao delegado e ao policial definir isso. “A definição, claro, vai depender da cor e do local de moradia, por exemplo”, denuncia. 

As entidades também relatam que a ação policial começou no bairro Jucutuquara, depois foi para o Território do Bem, onde “sob o pretexto de cumprimento de mandados de prisão, agentes da polícia militar e da polícia civil adentraram no Território do Bem e desferiram diversos tiros contra as residências da população”. As entidades se queixam de que mesmo cientes dos problemas trazidos pela pandemia do coronavírus, os policiais destruíram o único cano que conduzia água à casa de um morador local que sequer possui caixa d’água.
Em período de isolamento, ressaltam, as pessoas deveriam ter o direito de permanecer em segurança em suas casas, mas “têm seus direitos violados por uma polícia que destrói recursos de subsistência e que atira sem se importar com a vida de idosos e crianças”. 
O documento destaca, ainda, que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil e que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que no país existem quase três vezes mais negros do que brancos vivendo com ao menos uma restrição de acesso ao saneamento básico. 


“A
 suposta política de segurança pública implementada pelo governador Renato Casagrande, por meio de seu secretário de Segurança Pública, o Coronel Alexandre Ramalho, em vez de buscar a resolução das mazelas enfrentadas, apenas reforça esse cenário de barbárie historicamente sentido pela população, sobretudo pelos indivíduos marginalizados“, reforçam as entidades.

Além da Unegro, assinam a nota o Coletivo Esperança Garcia ((Direito-Ufes),  Afronta Ufes, Coletivo Negrada, Círculo Palmarino, Instituto Elimu Professor Cleber Maciel, Conselho de Direitos Humanos da Serra (CDDH), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH-ES), Fórum Estadual da Juventude Negra do Estado (Fejunes), Coletivo Lampião da Esquina – Colaes (Direito-Ufes), Coletiva Geni (Direito-Ufes), Fórum Capixaba de Lutas Sociais, Coletivo Maes Eficientes Somos nós, Movimento Enfrente, Conselho Estadual de Juventude e Fórum de Juventude do Território do Bem.

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