O Comitê Popular de Defesa dos Direitos Humanos e outras entidades da sociedade civil realizam, nesta quinta-feira (8), o Ato pela Vida e pelo Fim da Violência Policial nas Comunidades Periféricas. Será a partir das 8h30, em frente ao Palácio Anchieta, Centro de Vitória, para onde os manifestantes levarão cartazes, além de executar outras formas de intervenção urbana. O protesto reivindicará uma “política de segurança pública que respeite todos os cidadãos”.
Segundo a militante do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Galdene dos Santos, o governo Renato Casagrande (PSB) não dialoga com a sociedade civil, que recebe informações sobre a política de segurança pública somente por meio da mídia. “O governador tem que nos ouvir, o secretário [Coronel Alexandre Ramalho] é um interlocutor, por isso que é secretário executivo. Saber pela imprensa não nos serve como resposta. Queremos discutir a política, e essa política não nos satisfaz. Ele tem que discutir o assunto nos movimentos e outros espaços da sociedade civil organizada”, ressalta.
Ela destaca que parece não haver um protocolo de atuação para a Polícia Militar (PM) nas comunidades periféricas. “Pelo que vemos, não há problemas para a gestão se a polícia passar dos limites como agente público. Muitas pessoas nesses espaços foram agredidas, violentadas. Por isso, também queremos reparação”, enfatiza, apontando ainda que a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH) não se manifesta a favor da população nem atua junto aos conselhos.
Galdene afirma que, nas ações policiais violentas ocorridas em comunidades periféricas, mulheres de várias faixas etárias têm sido vítimas. “Entram na casa, maltratam, xingam. No Estado, as mulheres já sofrem com a violência doméstica, com o feminicídio, mas estão sofrendo também com a violência policial”, reforça. As abordagens violentas têm sido principalmente no Território do Bem, como ela enfatiza.
Uma das últimas ações truculentas da PM no Território do Bem ocorreu no último dia 26 de setembro, motivando uma
manifestação no bairro Jaburu. Segundo o líder comunitário do Jaburu, Jhones Teixeira da Silva, uma família foi surpreendida com tiros por parte da PM enquanto festejava um aniversário. “A polícia chegou atirando no beco. A festa tinha de 15 a 20 pessoas. Tinha gente na festa, em casa; e tinha gente no beco. Duas crianças foram atingidas com estilhaços e quatro adultos também. Teve adulto que foi atingido com bala de borracha”, relata.
A paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, e o Ateliê de ideias, em nota divulgada na ocasião, apontam que, durante a pandemia do coronavírus, as ações violentas aumentaram. “Sob o pretexto de evitar aglomerações e combater o tráfico de drogas, vem agindo de forma seletiva contra as comunidades de periferia, fechando os olhos para o verdadeiro comando do tráfico de drogas e de armas e para as aglomerações que acontecem nos bairros vizinhos de classe média alta, inclusive nas praias, em plena luz do dia”, critica a nota. As entidades pedem que os responsáveis sejam punidos e exigem políticas de segurança “que respeitem nossas vidas, nossos corpos e nossos lares”.