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Estratégia do governo é ‘rachar’ movimento de mulheres e validar acordo com grupo dessidente

O movimento que tirou a Polícia Militar das ruas do Espírito Santo, faz dez dias nesta segunda-feira (13), tem sentido que a pressão do governo do Estado se intensificou nos últimos dias. A estrategia do governo é desarticular o movimento reivindicatório das mulheres dos militares, que ocupam as portas dos batalhões desde o dia 4 de fevereiro. Os mecanismo de pressão adotados pelo governo, segunda familiares do movimento, são variados e vão desde a convocação para apresentação da tropa fora dos quartéis até a tentativa de desmobilizar as mulheres, com convocações de reuniões à revelia do grupo de mulheres que iniciaram as tratativas.
 
De acordo com uma das mulheres ouvidas pela reportagem, o governo está jogando umas contra as outras, excluindo da mesa de negociações as mais experientes, que têm se recusado a abrir mão da pauta de reivindicações, e cooptando as de perfil mais condescendente. 

Neste domingo (12) houve uma reunião entre o secretário de Estado de Direitos Humanos, Júlio Pompeu, o secretário-chefe da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior, o senador Magno Malta (PR), sete mulheres e um advogado representante das associações de militares.

Nesta reunião também não houve avanços, mas o que desagradou ao grupo de mulheres foi o fato de nem todas que vinham negociando desde o início das tratativas terem sido chamadas, consideradas integrantes permanentes da comissão de negociação. Inclusive, uma nova reunião foi marcada para a tarde desta segunda-feira, mas o movimento não sabia exatamente quais seriam as mulheres convocadas. 

A mulher ouvida pela reportagem afirma que o governo percebeu a fragilidade do grupo na mesa de negociação. Pesa a favor do governo o fato de algumas não terem experiência em negociações. “Eles [governo] tentam fragilizar as mais jovens com ameaças. Algumas, por exemplo, temem não conseguir oportunidades de trabalho após as tratativas com o governo. Chegaram a nos ameaçar de prisão. Isso desestabiliza”.

Ao tentar “rachar” o grupo, ela ressalta, o governo passa a negociar com mulheres mais “maleáveis” e conseguir o acordo que quer, que não passa pelas reivindicações das mulheres legitimamente à frente do movimento, que é apenas o reajuste salarial, de acordo com o que determina a Constituição Federal, e a anistia ampla, geral e irrestrita, tanto administrativa quanto criminal. Desses dois pontos, adverte, “não abrimos mão”. 

Liberação

Circula entre o grupo de mulheres a ideia de liberar todos os policiais que ainda estão nos batalhões, principalmente do interior e no Batalhão de Missões Espaciais. No Quartel do Comando Geral (QCG), em Maruípe, Vitória, já não há policiais além daqueles que fazem a guarda dos presos e os do serviço administrativo. No entanto, no interior, a maioria dos militares continua dentro dos batalhões, em situações de extrema pressão. A ideia que começa a disseminar entre essas mulheres é de se liberar os PMs, para que sejam tratados e deixem de ser pressionados nos batalhões.

Praças

O movimento das mulheres ressalta que o movimento visa apenas o reajuste devido aos policiais e a anistia ampla geral e irrestrita, administrativa e criminal, com tudo documentado e especificado, para não dá margem a interpretações futuras dúbias.

No entanto, no acordo foi incluído na pauta, não pela vontade do movimento, o bacharelado em Direito para o Curso de Formação de Oficiais (CFO), que não é uma demanda dos praças, mas um pleito das associações de militares. Para o movimento, não deveria haver benefícios aos oficiais, já que parte deles virou as costas para os praças.

Segundo informações do movimento das mulheres, as imagens da Inteligência que vêm sendo colhidas para punir os policiais só são captadas de soldados a subtenentes e não aparecem oficiais, somente quando eles colocam a tropa em formação, e não nas escalas de serviço.

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