Professor foi afastado após denúncias de alunas. Polícia Civil e Corregedoria da Sedu investigam o caso
Estudantes e moradoras de Aracruz, no norte do Estado, realizaram um protesto na manhã desta segunda-feira (15) em apoio às vítimas de um professor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, no bairro Coqueiral, acusado de assédio sexual. O nome dele ainda não pode ser revelado, pois o caso segue sob investigação e envolve menores, conforme alega a Polícia Civil.
O protesto foi puxado pelos estudantes e aconteceu em frente à unidade escolar. Nas faixas e cartazes, dizeres como “A culpa não é da vítima” e “assédio não é elogio” chamaram atenção para a necessidade de proteger as menores que sofreram os assédios.
Em sua conta no Instagram, o Coletivo Dona Astrogilda, formado por mulheres moradoras da orla de Aracruz, ressaltou o fato de as vítimas serem alunas do oitavo e novo ano do ensino fundamental e do primeiro ano do ensino médio. “Ou seja, crianças e adolescentes”, pontuou.
“Nós, como lideranças, mães e mulheres que têm filhas, filhos, filhos de amigos na escola, nos juntamos ao protesto dos estudantes. Levamos faixas, apitos. A maioria dos alunos quis ficar no protesto. A diretora abriu o portão para quem quisesse retornar pra escola, mas só quatro entraram. A maioria ficou”, relata Sueli dos Reis Abrantes, moradora da Praia do Sauê e integrante do Coletivo.
“Assédio não é brincadeira, não é elogio. A culpa não é da vítima. Vimos que precisávamos chamar atenção, porque algumas pessoas dizendo que as meninas que ‘deram mole’, que não foi nada demais, só elogio…Que elogio! Um professor, um homem casado, ficar às duas da manhã enviando mensagem para aluna, menor de idade, chamando a menina de maravilhosa, de linda, até de gostosa! Isso não é ser educado e bonzinho, não. É assédio”, afirma.
Sueli relata ainda que as denúncias das estudantes foram encaminhadas pela diretoria da EEEFM Primo Bitti até o Conselho Tutelar, à Polícia Civil e à Superintendência Estadual de Educação (SRE), em Linhares.
Século Diário teve acesso a alguns prints de conversas via WhatsApp entre o professor e alunas. Algumas de madrugada, quando ele pede “desculpas”, aparentemente por ter se excedido em alguma fala, em outras chama a aluna de “gostosa”, mas todas repletas de elogios e declarações.
Investigações
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que “a SRE de Linhares seguiu as orientações da Corregedoria e todos os protocolos do Regimento Comum das Escolas: dialogou com as famílias das alunas, o professor, e registrou o Boletim de Ocorrência. O Caso será apurado pela Corregedoria e as autoridades policiais. O professor está afastado das atividades”.
Também em nota, a Polícia Civil informou que “o fato será investigado por meio da Delegacia Especializada de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Aracruz e, até o momento, nenhum suspeito de cometer o crime foi detido. Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada”. E orientou que a população auxilie nas investigações realizando denúncias, inclusive anônimas, pelo telefone 181.
Segundo a Cartilha sobre assédio moral e assédio sexual, produzida pelo Senado Federal no âmbito do Plano de Ação do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, “o assédio sexual caracteriza-se por constranger alguém, mediante palavras, gestos ou atos, com o fim de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o(a) assediador(a) da sua condição de superior hierárquico ou da ascendência inerente ao exercício de cargo, emprego ou função. Há, portanto, uma finalidade de natureza sexual para os atos de perseguição e importunação. O assédio sexual consuma-se mesmo que ocorra uma única vez e os favores sexuais não sejam entregues pelo(a) assediado(a)”.