O levantamento aponta que os jovens são as principais vítimas de homicídio no Estado, representando mais 60% das mortes violentas registradas em 2013.
Assim como outros estudos que investigam a violência letal contra a população jovem do Estado e do País, a publicação mostra que vitima preferncial de homicídio no Estado é do sexo masculino, solteira, com baixo nível de escolaridade, negra ou parda, pobre, e é geralmente assassinada por arma de fogo.
Em 2013, a taxa de homicídios na população geral do Estado ficou em 42,2 mortes por grupo de 100 mil habitantes, enquanto a do País ficou em 28,3%, ou seja, a taxa no Estado ainda é quase o dobro da do Brasil.
Entre jovens o índice se eleva e chegou a 99,1 por 100 mil jovens, contra 58,1 do País. Esta taxa é equivalente à de países em guerra civil e mostra onde são necessárias as políticas públicas para a contribuir na redução desses índices. Além disso, no Estado, em 2013, 80,8% das vitimas eram negras.
A publicação questiona os motivos de a tendência de queda nas taxas gerais de homicídios não se ocorrerem na população jovem do Estado, principalmente diante do fato de os homicídios de pessoas com idades entre 15 e 29 anos ter aumentado quase três vezes mais que o aumento populacional deste grupo etário.
É importante frisar, também, que as regiões em que é maior a incidência de violência letal contra jovens são as mais vulneráveis do Estado. Na Grande Vitória, nos municípios de Cariacica e Serra, 37% e 31% da população, respectivamente, é considerada vulnerável e nestes municípios as taxas de homicídios de jovens estão entre 145,2 e 193,4 mortes por 100 mil.
Entre os anos de 2003 e 2012 foi possível constatar a interiorização da violência. Em 2003 existia uma concentração da vitimização em munícipios litorâneos da Grande Vitória e norte do estado (como em Vila Velha, Serra e Linhares). Já em 2012 essas áreas continuavam com altas incidências, mas taxas elevadas de vitimização aparecem em municípios do interior, no centro e norte do estado (como em Sooretama, Pinheiros, João Neiva e Baixo Guandu).
Soluções
Uma forma de entender as causas dessa violência letal e combatê-la de maneira efetiva é ir além das características tradicionais relativas à concentração da pobreza, para se debruçar sobre aspectos como mecanismos institucionais e processos interacionais entre as pessoas.
Além disso, o fato de a violência letal ocorrer ainda mais cedo no Estado em relação ao resto do País reforça a necessidade de urgente de tratar os jovens como protagonistas das políticas sociais e de segurança. Enquanto em âmbito nacional as maiores faixas vitimadas se encontram entre 20 a 39 anos, no Espírito Santo a faixa entre 15 a 29 anos representa mais de 60% das vítimas.
Para que isso aconteça, é necessário superar o caráter repressivo das ações empregadas nas comunidades mais vulneráveis, já que esse tipo de ação afeta não só os agressores como também as próprias vítimas em potencial, visto que ambos costumam conviver nesses mesmos bairros. “Dessa forma, a repressão exclusiva pode até mesmo agravar a própria condição de vulnerabilidade das principais vítimas dos homicídios. Espera-se, portanto, que o jovem ocupe um papel de centralidade nas estratégias e ações preventivas no que tange ao problema dos homicídios, pois, justamente, eles representam a grande parte daqueles que são vitimados diretamente por ele”, conclui a publicação.