O primeiro júri do caso foi realizado em maio de 2009, mas Jeferson e Erivelton de Souza Pereira, conhecido como “Diabo Loiro” foram absolvidos. A mãe de Pedro, Maria das Graças Nascimento Nacort, recorreu da sentença e em 21 de outubro do mesmo ano, a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça anulou a absolvição dos policiais militares.
Muito emocionada, Maria das Graças conta que se sente enterrada viva. Ela não vê razão para a absolvição, já que os exames de balística comprovaram que os tiros que mataram o filho dela saíram da arma do PM. Ela fica ainda mais desesperançosa diante da informação de que não há possibilidade de recursos, já que eles foram esgotados até que fosse designado novo júri.
Assim como no primeiro julgamento, o tribunal estava lotado de policiais militares, a maioria fardados, que acompanharam todo o julgamento. O juiz chegou a pedir que Maria das Graças tirasse a blusa que a identificava como mãe de Pedro Nacort.
Após a anulação do primeiro júri, segundo júri do executor do crime foi realizado em 5 de novembro de 2011 e Erivelton foi condenado a 8 anos de prisão e à perda da patente de soldado pelo crime. No entanto, por conta de recursos em instâncias superiores, o processo só foi baixado em maio de 2014.
A perda da patente de soldado só foi efetivada em agosto de 2015. Durante um ano ele ficou preso Quartel do Comando Geral (QCG) da PM recebendo o soldo, já que a polícia ainda não havia determinado a expulsão dele.
Crime
Pedro, na época do crime aos 26 anos de idade, morava com a mãe num apartamento na rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória. Era flanelinha, tinha disritmia cardíaca e tomava remédios controlados. A mãe dedicava-lhe intensos cuidados por conta da doença. Maria das Graças já alertava o filho para que tivesse cuidado com a polícia, que costumava fazer abordagens violentas no Centro.
No dia do assassinato, Pedro saiu de casa pouco depois da meia-noite para comprar cigarros e não voltou. Maria das Graças ouviu seguidos estampidos que pensou serem fogos de artifício. Aproximadamente 15 minutos depois, policiais a chamaram pelo interfone do prédio para reconhecer o corpo do filho, atingido com 22 tiros, oito deles no rosto.
Maria das Graças, que fundou a Associação de Mães e Familiares de Vítimas da Violência (Amafavv), na sua luta incansável por justiça, investigou, reuniu provas e acabou descobrindo o envolvimento de uma mulher com quem Pedro havia rompido um relacionamento dez dias antes do crime, e chegou ao nome de quatro PMs. A investigação identificou pelo menos uma arma do crime, que pertencia, de acordo com o exame balístico, e a um dos policiais.
As evidências, as provas técnicas e as contradições apresentadas pelas testemunhas de defesa dos policiais não foram suficientes para “convencer” o júri, que, segundo Maria das Graças, foi intimidado pelos policiais.