No caso da campanha lançada nesta segunda-feira, ela aposta no diálogo para combater a violência e construir uma cultura de paz. Isso sem qualquer contrapartida do Estado – como o aumento no número de policiais civis, que investigam os crimes, de recursos materiais e aparelhamento das polícias – em um Estado em que 40% dos homicídios acontecem por motivos banais.
Apesar de os índices de homicídios na população geral terem reduzido nos últimos anos – a mesma redução não se vivencia entre jovens, principalmente entre jovens negros e mulheres – outras modalidades de crimes que continuam com os índices em aumento e sem recursos humanos e materiais para a investigação.
Com investimento quase nulo na Polícia Civil, o Estado pode enfrentar um colapso na investigação de crimes, já que faltam policiais e recursos materiais na instituição.
Em entrevista a Século Diário no início deste mês, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado, Jorge Emílio Leal, apontou que o quadro de deficiência na instituição é tão grande que os policiais têm de priorizar o atendimento de certas ocorrências, geralmente de crimes de grande repercussão, para serem investigados. Os crimes comuns, que atingem as camadas mais periféricas da população, ficam sem investigação.
Mesmo com a impossibilidade de garantir atendimento satisfatório à população, o governo sequer tem previsão de realizar concurso público para a recomposição do quadro da Polícia Civil. O resultado disso são policiais adoecidos, trabalhando em desvio de função e sobrecarregados.
O Sindipol, inclusive, estuda denunciar o Estado para organismos internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a violação de direitos na Polícia Civil, visto que as denúncias em níveis estaduais não surtem efeito.