Representantes do governo do Estado, de associações ligadas à PM e das mulheres de militares se reuniram na noite dessa quarta-feira (8) para discutir uma solução negociada para a paralisação dos policiais, que nesta quinta-feira (9) entra no seu sexto dia.
Havia uma expectativa positiva tanto do lado do governo quanto dos representantes do movimento de que a paralisação fosse encerrada ainda nessa quarta. Entretanto, não houve deliberação por parte do governo sobre a pauta apresentada pelo movimento. Uma nova reunião foi agendada para esta quinta-feira (9), às 14 horas, para a retomada das negociações.
O governador em exercício, César Colnago, o governador licenciado, Paulo Hartung, e o secretário de Segurança Pública, André Garcia, não participaram da reunião. As ausências de Hartung e Colnago foram alvo de queixas das mulheres. Elas sabem que somente o governador pode tomar decisões. “Só ele tem o poder nas mãos para decidir”, frisou uma representante.
A estratégia do governo foi clara: construir um canal de diálogo com representes de perfil mais diplomático e técnico. Dentro dessa lógica, foram escalados para conduzir as tratativas os secretário de Direitos Humanos, Júlio Pompeu, da Casa Civil, Zé Carlinhos da Fonseca; e de Controle e Transparência, Eugênio Ricas. Além dos três secretários, Paulo Roberto Ferreira (Fazenda), também deve fazer parte do Comitê Permanente de Negociações, que será oficialmente instituído no Diário Oficial desta quinta-feira.
A tentativa dos deputados de entrarem nas negociações com o movimento sem anuência do governo recebeu a resposta do Palácio Anchieta nesta quarta-feira. Nenhum deputado foi convidado para participar da reunião.
Após cerca de três horas de conversa, as mulheres dos militares entregaram aos representantes do comitê uma pauta de reivindicações dos policiais. Uma das participantes da reunião disse que não poderia revelar o teor da pauta. Mas fez questão de avisar que o movimento que um dos pontos é sagrado: a anistia a supostos policiais que estariam sendo acusados de incitar a paralisação. Ela disse que o movimento não irá admitir que policiais sofram sanções administrativas ou judiciais. As mulheres dos militares também fizeram questão de esclarecer que o movimento “não está rachada, como parte da imprensa anda dizendo. Estamos cada vez mais unidos, Quanto mais sofremos pressão, mais nos unimos”, disse uma represente.
A reunião, apesar de não deliberar sobre nenhum ponto da pauta, foi elogiada pelas mulheres dos policiais. Uma delas disse que elas foram tratadas com respeito pelos interlocutores do governo. Pompeu deu o tom da prosa, deixando claro que a estratégia do grupo palaciano é distensionar a corda. “Estamos com o diálogo aberto e iniciamos uma conversa concreta com um movimento que, agora, está organizado e disposto a negociar”, disse Pompeu.
Representando as entidades ligadas à PM, estavam os representantes da Associação de Cabos e Soldados (ACS), da Associação de Subtenentes e Sargentos do Espírito Santo (Asses) e da Associação de Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes).
O presidente da Assomes, major Rogério Fernandes Lima, elogiou a militância das mulheres nas negociações. “Essas guerreiras com esse passo demonstram com sua serenidade o compromisso que têm com a sociedade capixaba, a Polícia Militar e os maridos. Aguardamos que o governo se sensibilize e assine um protocolo concreto de intenções”, escreveu Lima numa postagem, logo após a reunião.
A expectativa das mulheres dos policiais é que na reunião desta quinta-feira, o governo, já ciente da pauta de reivindicações do movimento, apresente uma contraproposta concreta às reivindicações dos policiais. Elas ainda alimentam a esperança de que César Colnago ou Paulo Hartung marque presença na reunião desta quinta.