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Governo não informa a Euclério sobre assassinato de professor da Ufes

Após quase quatro meses, o governo do Estado respondeu ao requerimento de informação feito pelo deputado estadual Euclério Sampaio (PDT) solicitando cópia integral do inquérito policial que apura o assassinato do professor da Universidade Federal do Estado (Ufes) Valdenir José Belinelo, ocorrido em 21 de março de 2012, na localidade de Rio Quartel, em Linhares, norte do Estado. 
 
O requerimento de informação foi lido em sessão ordinária na Assembleia Legislativa do dia 5 de agosto e só foi respondido agora, sendo lido no expediente dessa segunda-feira (2). Em resposta, o governo se limitou a declarar que o processo corre em segredo de justiça. 
 
A mesma resposta foi dada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) a Século Diário. Em outubro deste ano, quando procurada para das informações sobre o caso, a Sesp disse que não seria possível fornecer nenhuma informação sobre o andamento do processo, nem mesmo se há indiciamento ou denúncia, ou suspeitos de terem praticado o crime, por conta do segredo. 
 
Belinelo, que estava cedido ao governo do Estado e atuava como diretor do hospital Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, foi assassinado a facadas em Linhares, quando retornava de Vitória, onde tinha participado de uma reunião. Inicialmente, duas linhas de investigação foram vislumbradas, sendo uma crime passional e a outra crime de mando, já que o professor estaria investigando irregularidades no hospital referentes a contratos de fornecimento de medicamentos e, inclusive, já teria suspendido alguns deles.  
 
As informações sobre a morte do professor estão no roteiro percorrido por ele no dia do crime. Durante todo o dia Belinelo esteve em Vitória, onde passou por reuniões com o deputado estadual José Carlos Elias (PTB) e com o secretário de Estado de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho, Jadir José Péla. Com o secretário, a reunião teve o objetivo de debater a aquisição de equipamentos mais modernos para o hospital. Todas as reuniões daquele dia transcorreram sem quaisquer anormalidades. 
 
Após a reunião, o professor informou ao deputado que iria ao Shopping Vitória fazer um lanche e depois seguiria para São Mateus. Elias ainda tentou demover o professor da ideia de voltar ao norte do Estado, por conta do horário e porque ele havia tido um dia atribulado em Vitória. Ainda assim, Belinelo insistiu no retorno. 
 
Toda a passagem do professor pela Assembleia e pelo shopping foi captada pelos circuitos de videomonitoramento dos locais, cujas imagens foram recolhidas para análise pelo superintendente de Polícia do Interior, sobre chefia do delegado Danilo Bahiense. 
 
Já na estrada, o professor – que estaria com outro passageiro no carro – fez uma parada em uma lanchonete no município de Aracruz (norte do Estado), no que acredita-se tratar de uma emboscada, já que, quilômetros depois, em um local ermo, ele foi assassinato. A lanchonete, muito conhecida pelas pessoas que trafegam pela BR-101 norte, também tem circuito de videomonitoramento e as imagens foram recolhidas. 
 
Do inquérito, no entanto, nada se conhece. O delegado que presidiu as investigações, Fabrício Lucindo, não se pronunciou sobre o andamento das investigações. A motivação e autoria do assassinato do professor permanecem um mistério, já que a polícia não revela informações sobre o andamento das investigações, possíveis indiciados ou denunciados pelo crime.
 
Corre à boca miúda na cidade de São Mateus que esses contratos pertenciam ao deputado estadual Eustáquio de Freitas (PSB), que é ligado ao setor farmacêutico, e que Belinelo, ao assumir a direção do hospital, teria posto fim à interferência de Freitas na instituição. As indicações dos diretores do Roberto Silvares, antes de Belinelo, sempre passaram pelo crivo do deputado. Freitas estaria solicitando à atual diretora do hospital Roberto Silvares declaração que ateste que ele nunca negociou com o estabelecimento.  
 
O que causa estranheza e alimenta os boatos é justamente a atitude da Polícia Civil de não revelar qualquer andamento do processo e delongar por mais de 600 dias as investigações.    

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