As mulheres prontamente já responderam que vão sustentar o movimento, mesmo com a advertência de que a ocupação paralisa as negociações com o governo.
Segundo a posição do governo, para que seja mantido o diálogo, é imprescindível que todas as unidades da Polícia Militar sejam desocupadas, de forma que todo o efetivo retorne ao trabalho normal.
O governo alega que tem sido o mais flexível possível, mantendo o diálogo aberto e demonstrando a impossibilidade fiscal e legal para a concessão de reajustes ou aumentos que impactem a folha salarial, desequilibrem as contas e contrariem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Na comunicação, o governo volta a criminalizar o movimento apontando para a impossibilidade legal e moral de o Estado, “tendo conhecimento de crimes praticados por militares e civis participantes do movimento, deixar de adotar as medidas legais cabíveis”. A anistia era um dos principais pontos da pauta de reivindicações das mulheres, que não abrem mão da remissão irrestrita aos 1.151 policiais indiciados por crime de revolta e motim.
Desde a última semana, o governo vem declarando que policiais militares estão envolvidos em crimes praticados durante a crise de segurança pública. Essas declarações, no entanto, recaem sobre toda a Polícia Militar, afetando a imagem da instituição, e não somente sobre aqueles que o governo diz ter praticado os supostos ilícitos.
Na última terça-feira (14), o secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, disse, em entrevista coletiva, que o movimento tem um núcleo de “radicalizações”, que promove atentados e que algumas ocorrências estão sendo investigadas por uma força tarefa especial criada para apurar se há, e se houver, punir policiais que tenham participado das ações.
As declarações têm atrapalhado tanto o trabalho da polícia, que passa a ser suspeita de cometimento de crimes, quanto a mediação das associações ligadas aos militares que fazem a mediação das negociações entre movimento e governo.