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Governo tenta criminalizar policiais para esvaziar movimento de mulheres

A estratégia do governo para tentar enfraquecer a paralisação da PM, iniciada no dia 4 de fevereiro, parece ser criminalizar os policiais diante da opinião pública, ligando-os a atentados e crimes antes mesmo da conclusão das investigações.

Na manhã desta terça-feira (14), o secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, disse, em entrevista coletiva, que o movimento tem um núcleo de radicalizações, que promove atentados e que algumas ocorrências estão sendo investigadas por uma força tarefa especial criada para apurar se há, e se houver, punir policiais que tenham participado das ações.

Ele disse que os atentados cometidos contra o transporte coletivo – nesta segunda-feira (13) foram queimados três ônibus na Grande Vitória – é uma forma desses indivíduos desses grupos radiciais que tentam desestabilizar a normalidade das vidas das pessoas, que começaram a retomar suas atividades nessa segunda-feira (13). “Quando o movimento vai perdendo força, o desespero aumenta”, disse Garcia, insinuando que os ataques partiram de PMs.

O secretário também disse que vai passar um “pente-fino” nos homicídios ocorridos desde o início da paralisação do policiamento ostensivo, ocorrido no dia 4 – foram 145 até esta segunda-feira, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipol) – e usou as 30 denúncias recebidas na Ouvidoria de Direitos Humanos da Presidência da República de que havia participação de policiais em mortes para dizer que vai recorrer aos dados para instruir os inquéritos.

André Garcia também levantou suspeitas sobre o assalto no Convento da Penha, ocorrido nesta segunda-feira, em que o frei Beto Engel, de 80 anos, foi amarrado e agredido, dizendo que o caso entrará no rol de investigações especiais. Ele também atribuiu a violência ao frei a grupos radicais.

A tática do governo desde a noite de segunda-feira tem sido criminalizar os policiais militares e invisibilizar o movimento de mulheres, que ocupam as portas dos batalhões.

No Diário Oficial desta terça-feira, o governo anunciou a lista dos 154 policiais submetidos ao Conselho de Disciplina sem, no entanto, publicar as portarias de instauração dos processos, ou seja, não há ainda o motivo da instauração dos procedimentos.

Antes mesmo do início efetivo das investigações, já existe o discurso oficial que há milícias trabalhando para aterrorizar a população. Além disso, André Garcia também anunciou que a folha de pagamento da Polícia Militar está parada para levantamento daqueles que não estão trabalhando e terão ponto cortado e corte da escala especial dos policiais que não se apresentaram.

O capitão reformado Lucínio Assumção, um dos alvos de processo, divulgou uma declaração classificando a publicação da lista de um ato desesperado do governo, que não está sabendo lidar com a situação dos familiares dos policiais.

Ele ressaltou que a intenção é criminalizar os policiais, sendo que o movimento é dos familiares e os policiais somente dão suporte a eles. “Não tem tipificação de nada, ninguém sabe por que nossos nomes estão ali. É uma tentativa desesperada de achar que no dia seguinte todos os batalhões voltariam ao normal”, disse ele, na declaração.

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