Usando de um discurso de preocupação, o governo acaba por expor a PM, colocando toda a corporação em suspeição e extinguindo um grupamento que, em teoria, é especializado e criado pelo próprio governador Paulo Hartung (PMDB), em 2009.
Em julho de 2015, o governador declarou, na passagem do comando da Rotam do tenente-coronel Wildelson Nascimento de Faria para o tenente-coronel Eduardo Nunes, que criar a Rotam foi uma decisão acertada, já que o batalhão atua de forma estratégica e complementar às demais ações da Polícia Militar.
Se, de fato, a Rotam é uma unidade especializada, a extinção do grupamento representa, no mínimo, o desperdício daquela força policial que atua no batalhão, que será espalhada por outros no Estado. O suposto foco de resistência existente, se fosse do interesse do Comando da Polícia Militar, poderia ser retirado do batalhão para a entrada de outros policiais, com a qualificação deles.
As medidas criminalizadoras da Polícia Militar adotadas pelo governo desde o início do movimento dos familiares gerou reação das entidades representativas, como a Associação dos Oficiais Militares Estaduais (Assomes).
Na última terça-feira (14), o secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, disse, em entrevista coletiva, que o movimento tem um núcleo de radicalizações, que promove atentados e que algumas ocorrências estão sendo investigadas por uma força tarefa especial criada para apurar se há, e se houver, punir policiais que tenham participado das ações.
Para a entidade, as acusações de que policiais militares estão envolvidos na prática de crimes, especialmente ataques a ônibus e no assalto ao frei Pedro Engel, ocorrido no Convento da Penha, na última terça-feira, infundadas e irresponsáveis.
A Assomes apontou que as declarações mancham a honra e a imagem de toda a corporação, que tem 182 anos e contribuiu decisivamente para que a taxa de homicídios no Estado fosse a menor dos últimos 20 anos.
A nota também questiona a motivação dos policiais militares para se apresentarem para serviço nas ruas depois de terem sido comparados a criminosos.