Donati, apesar de intimado, não compareceu às oitivas, já que a defesa dele entendeu não ser necessário. No entanto, presidente da audiência, o desembargador substituto Marcelo Menezes Loureiro, considerou a atitude equivocada diante da clara ordem judicial.
O magistrado marcou para a próxima sexta-feira (29) uma nova audiência para a oitiva do prefeito.
Edson Barcellos era servidor concursado da administração municipal. Ele vinha denunciando desvios de verbas que Donati teria praticado como chefe do Executivo municipal e iria prestar depoimento em Vitória sobre as denúncias de compra de votos durante a campanha do atual prefeito à eleição, em 2008, mas foi assassinado antes.
Crime
O sindicalista foi encontrado morto, no dia seguinte ao sequestro, com sinais de execução, em meio a uma plantação de eucaliptos nas imediações do município barrense. No local, o sindicalista teve os pés e as mãos amarradas, os olhos vendados e a boca amordaçada. Sem chances de defesa, a vítima foi morta com um tiro na testa.
Um dos acusados de ser o executor do crime, Diego Ribeiro Nascimento, em depoimento à Polícia Civil, confessou que foi contratado por intermédio de Oséias Oliveira da Costa para matar o sindicalista pela quantia de R$ 7 mil reais, a mando de um “peixe grande” que se chamava Jorge Donati. O outro denunciado pela autoria do crime é Rodolpho Nascimento do Amaral Ferreira.
Após matarem Barcellos, os dois pistoleiros teriam seguido para o município de Aracruz, no norte do Estado, para se livrar do carro da vítima. O corpo foi desovado em local ermo e atearam fogo no Santana do sindicalista para dificultar as investigações da polícia.
As duas armas utilizadas no crime, segundo a denúncia do MPES, foram fornecidas por James Antônio de Almeida e Rondinelli Ribeiro do Nascimento Amaral.
Donati chegou a ser preso preventivamente durante as investigações. Uma dessas prisões se deu após o assassinato de uma das testemunhas do crime do sindicalista, Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão, que foi executado em Linhares (norte do Estado) após denunciar que o prefeito de Conceição da Barra estava envolvido no crime.
O caso teve tanta repercussão no município que teria havido até mesmo pressão em cima do bispo de São Mateus para que o padre da paróquia de Conceição da Barra, Moacir Pinto, fosse afastado. Ele dissera na missa de corpo presente do sindicalista que nem ele nem a população do município poderiam descansar enquanto não fosse solucionado o crime.