Nova versão de documento será elaborada por uma comissão de moradores do distrito
Moradores de Patrimônio da Penha, distrito de Divino de São Lourenço, município da região do Caparaó capixaba, exigem que o protocolo para realização de eventos da comunidade passe a ser efetivamente aplicado pela prefeitura do município. O documento também passará por atualizações, a partir dos trabalhos de uma comissão.
O assunto foi debatido na noite desta segunda-feira (6), em uma reunião no salão comunitário da vila, com a presença de 135 pessoas. O novo prefeito de Divino de São Lourenço, Dudu Queiróz (PSB), esteve presente no encontro, e se comprometeu a voltar ao distrito com uma resposta da Polícia Militar sobre o tema, segundo os moradores.
A reunião foi convocada como forma de propor soluções para os recentes problemas de segurança na vila, conhecida pelas belezas naturais e por ser um reduto de seguidores de filosofias alternativas. Durante as festividades de Ano Novo, duas pessoas morreram em um acidente de carro, após uma briga generalizada que resultou em tiros e um veículo incendiado. Nesse domingo (5), moradores fizeram um ato cultural, como parte da mobilização social em torno do assunto.
Para a comunidade, uma das principais fontes de conflitos é o aumento da realização de grandes eventos na vila sem a devida organização e segurança. Nos dias 18, 19 e 20 de abril, um feriadão, será realizada mais uma edição do Penha Roots, festival de forró e reggae com artistas nacionais, como Falamansa e Planta e Raiz. Segundo os moradores, o evento foi agendado sem consulta prévia à comunidade e à prefeitura.
“Estamos muito preocupados e nos sentindo absolutamente desrespeitados. São pessoas que vêm de fora se apropriando de um conceito de paz que os moradores estão há mais de 30 anos se dedicando para construir. Impõem as condições que lhes são convenientes, atropelam deliberadamente a organização da comunidade, colocam uma data que nos traz prejuízo, risco grave de desordem social, não oferecem nenhum tipo de contrapartida social, não incluem os artistas locais”, critica Laíssa Gamaro, artista que mora há dez anos na comunidade.
A primeira versão do protocolo para a realização de eventos foi criada justamente por ocasião da primeira edição do Penha Roots, em 2019. Entre as contrapartidas exigidas à organização estavam realização de ações de conscientização ambiental, além de respeito e prestígio à cultura e artistas locais.
Mas a preocupação mais imediata dos moradores é com o carnaval, que, em 2025, acontecerá na primeira semana de março. Segundo Laíssa Gamaro, a comunidade exige que seja ouvida sobre o assunto para que a programação seja preenchida com propostas consideradas saudáveis, como blocos de rua, artistas locais, apresentação de boi pintadinho, dentre outras.
“Queremos que essa programação seja organizada, publicada e respeitada pela prefeitura, para que não ocorra a invasão dos carros de som, destruindo o carnaval de rua pacífico da comunidade”, completa Laíssa.