Moradores do bairro São Benedito, no Território do Bem, em Vitória, que preferiram não se identificar por medo de represálias, denunciam que na tarde desta segunda-feira (2), a Polícia Militar (PM) entrou na obra de construção da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Paulo Roberto Vieira Gomes e agrediu os trabalhadores. A alegação para a ação no local, afirmam, foi de que receberam denúncias de que ali havia um carregador de arma e que os trabalhadores estavam armados.
Conforme informam os moradores, a PM não encontrou nada no local. Eles relatam que, ao entrar na obra, os policiais falaram da denúncia recebida. Contudo, diante das afirmações dos PMs de que ali tinha armas, como os trabalhadores diziam insistentemente que a denúncia não procedia, acabaram recebendo spray de pimenta no rosto, o que fez com que começasse uma discussão entre eles e a polícia.
A partir daí, segundo os relatos, os policiais que estavam do lado de fora da obra começam a jogar bomba e bala de borracha dentro das dependências da futura unidade de ensino. Isso motivou que os moradores fossem às ruas pedir para que os policiais parassem, mas, conforme denunciam, também foram agredidos com bomba.
A EMEF Paulo Roberto Vieira Gomes funciona, atualmente, em um espaço improvisado. Com o ocorrido, os moradores temem que os trabalhadores abandonem a obra. “Tem trabalhador com olho vermelho, com machucado de bala de borracha. Isso pode atrapalhar algo que é para nossos filhos, nossos netos, no futuro”, diz uma moradora, que relata que ações como a ocorrida nesta tarde são corriqueiras na comunidade.
“Eles [a PM] não querem saber se tem criança na rua, chegam agindo assim. Agora estão atingindo trabalhador dentro de obra. São Benedito está abandonado, pedindo socorro. A polícia só sabe chegar aqui, matar e dizer que foram recebidos à bala, mas eles que trazem a violência para dentro do nosso bairro. Nada acontece, ninguém faz nada pela comunidade”, denuncia.
Recentemente, a comunidade de Consolação, também no Território do Bem, passou por situação semelhante. Moradores relataram que, em 19 de setembro, policiais subiram o morro, se esconderam na mata, e, ao avistar alguns homens na rua, começaram a atirar próximo a seis casas. Todas residências, afirmam, tinham crianças. “É desesperador. Aconteceu no horário que tem criança vindo da escola, que tem pai e mãe indo buscar os filhos no colégio, com muito medo de tomar um tiro de fuzil”, disse uma moradora.
Os rapazes alvos da Polícia correram e conseguiram fugir. Depois dos disparos, os policiais foram em direção ao bairro Bonfim, também no Território do Bem. A moradora apontou que, diante desse tipo de ação policial, que tem sido frequente na região, as pessoas passaram a ter medo da PM. “Até mulher pode correr risco de sofrer alguma coisa. Eles falam que se correr, pode ser homem ou mulher, eles vão atirar”. Outro ponto denunciado é que a polícia tem tratado as mulheres da comunidade utilizando palavras de baixo calão, como “vagabunda” e “piranha”.