As principais reclamações giraram em torno do tráfico de drogas, furtos e roubos de veículos, crimes contra o patrimônio, falta de efetivo policial para atender à zona rural e até de ausência de sinal de telefonia, o que dificulta o contato com as polícias Militar e Civil. Entre as soluções apontadas, a construção de uma nova delegacia e de uma companhia independente da Polícia Militar.
Gilsinho Lopes (PR), presidente do colegiado, abriu os trabalhos informando que recebeu denúncias de tráfico de drogas, roubos e furtos nas localidades e nas rodovias. Ele destacou que as três cidades juntas possuem aproximadamente 54 mil habitantes, ficam na divisa com o Rio de Janeiro, e são margeadas por vias importantes como as BRs 101 e 297 e a Rodovia Rubens Rangel.
O presidente do sindicato rural de Mimoso, Luís Carlos da Silva, pediu mais atenção com a zona rural do município. “Temos mais de 840 km², mais de três mil proprietários rurais e 28 mil habitantes”, contou. Ele ainda disse que vêm ocorrendo muitos roubos no interior e que a falta de sinal de telefonia restringe o contato com a polícia.
José Maria Morini, presidente do Conselho de Segurança da cidade, disse que era um desejo antigo da sociedade mimosense a criação de uma companhia independente da Polícia Militar e de uma nova delegacia para melhor atender a população. “Nossa delegacia tem estrutura de 40 anos atrás, é uma situação degradante pra os policiais”, lamentou.
O delegado de Mimoso, Rômulo Carvalho Neto, informou que neste ano foram instalados 88 inquéritos policiais e que todas as cinco mortes violentas que ocorreram foram elucidadas e os autores presos. “Trabalhamos com um delegado, um escrivão e quatro investigadores. Fazemos um esforço para dar uma resposta à população mimosense, mas temos de priorizar as ações nos crimes mais violentos”, explicou.
'Cobertor curto'
Já o tenente Rody, que trabalha no policiamento das três cidades, disse que o efetivo policial é de 66 militares e que existem problemas “de cidade grande” nesses municípios, como roubos, homicídios e tráfico, mas que a polícia faz a parte dela, realizando rondas nas zonas urbana e rural, patrulhamento no comércio e nas escolas. “Nosso cobertor é curto, por isso agimos de acordo com a demanda. Não conseguimos estar sempre presentes”, afirmou.
O presidente da Câmara de Vereadores de Mimoso, Renatinho Cabral (PTB), destacou que um dos empecilhos para manter os criminosos na cadeia é a fragilidade do Código Penal. “Nossas leis são fracas e nosso Código Penal antigo. A gente fica indignado, o anseio da população é que se mudem as leis. Eu moro na zona rural e me sinto ameaçado. Temos de tornar as leis mais rígidas”, disparou.
O prefeito de Mimoso, Ânderson Guarçoni (PMDB), o Jiló, disse que a administração anterior havia disponibilizado um terreno para o Estado construir uma nova delegacia, mas que, em virtude da demora em iniciar a obra, a doação havia perdido validade. Ele se comprometeu a encaminhar outro projeto à Câmara. “O anterior tinha um prazo (para construção) de 360 dias e o processo ficou parado na Secretaria de Estado de Gestão. Para que não ocorra isso novamente, vamos colocar prazo até 31 de dezembro de 2020”, prometeu.
Diante dos fatos expostos, Gilsinho Lopes afirmou que levaria todas as demandas levantadas ao secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, e ao governador Paulo Hartung (PMDB). “Precisamos nos unir. Vamos tentar a delegacia nova. [Quanto à] companhia [da PM], acredito que tem condições de implantar ainda esse ano. Podemos cortar um pouco na publicidade e em outras situações”, finalizou.
A audiência contou com a participação de moradores, proprietários rurais, comerciantes e integrantes da sociedade civil organizada de Mimoso do Sul, além de vereadores de municípios de cidades do entorno e de representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública, das polícias Civil e Militar, da Defensoria Pública e do Ministério Público Estadual.