Os bairros do Território do Bem, em Vitória, com exceção de Itararé, estão sem transporte público e coleta de lixo. Moradores que preferem não se identificar informam que a prestação dos serviços foi interrompida desde essa segunda-feira (5), quando houve o óbito de um rapaz no bairro São Benedito, após operação policial. Além desse bairro e de Itararé, fazem parte do Território do Bem as comunidades de Bairro da Penha, Jaburu, Bonfim, Engenharia, Consolação, Floresta e Gurigica.
Os moradores afirmam que a morte aconteceu após o jogo do Brasil na Copa contra a Coreia do Sul, quando as pessoas estavam comemorando a vitória da Seleção Brasileira. De acordo com eles, a Polícia Militar (PM) chegou atirando, atingiu o rapaz e o levou a óbito. “Mataram como um bicho, mas era um ser humano. A gente precisa que o Estado e o município ofereçam algo que promova o desenvolvimento humano, não insegurança, não tirar a vida das pessoas”, lamentam.
O ocorrido causou revolta na comunidade e algumas pessoas queimaram um caminhão de coleta de lixo no bairro. Desde então, a coleta não é mais feita. Sem a prestação desse serviço, os moradores afirmam que tem aparecido urubus na região. Diante da ausência de transporte público, a alternativa é ir para Itararé ou para a avenida Reta da Penha pegar ônibus. Entretanto, não são todos que podem fazer esse deslocamento a pé, como no caso de alguns idosos e pessoas com deficiência, que acabam tendo que ficar reclusas em casa, sem poder sair.
Na ocasião, a PM chegou a atirar em um jovem que estava na rua, alvejando-o no braço e atingindo uma bala de raspão na barriga, durante uma busca a traficantes. Em decorrência do ocorrido, a comunidade fez uma manifestação na avenida Leitão da Silva, que foi reprimida com balas de borracha. Os moradores também relataram que, em uma casa que entraram sem mandado, os policiais agrediram um rapaz.
Crislayne Zeferina, integrante do Coletivo Beco, que atua na região, relatou na época que os policiais disseram que estavam fazendo uma operação, mas não quiseram dizer o nome, além de afirmarem que tinham um mandado coletivo que autoriza a PM a entrar em todas casas da região, mas não quiseram mostrar o mandado. Outra queixa dos moradores era de que as viaturas andavam em alta velocidade na região, o que colocava em risco principalmente a vida das crianças, já que é nas ruas que elas brincam, diante da falta de equipamentos de lazer no território.