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Moradores do Território do Bem querem reunião com Casagrande

Demanda é resultado de mais dois assassinatos de jovens em ações da PM na região

Em reunião realizada nessa terça-feira (11), na Praça de São Benedito, no Território do Bem, em Vitória, ficou decidido que a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Espírito Santo (OAB/ES) vai contatar o governador Renato Casagrande (PSB) para agendar uma conversa com ativistas de direitos humanos e representantes das comunidades, para discutir a violência policial na região. A reunião foi motivada pelo assassinato de mais dois jovens, em São Benedito, nessa segunda-feira (9).

Além da OAB, estiveram presidentes representantes dos mandatos da deputada estadual Camila Valadão (Psol) e do vereador André Moreira (Psol). Morador da comunidade, Luiz Adriano Rodrigues foi o articulador do encontro. Ele relata que o primeiro jovem foi morto em um beco, quando a polícia chegou atirando. A outra morte foi cerca de 30 minutos depois. Um rapaz, ao fugir da polícia, entrou na casa de uma moradora. Os policiais, então, adentraram a residência e o algemaram.

Segundo Luiz Adriano, a dona da casa pediu que não agredissem o jovem, mas enquanto ela foi ver sua mãe, uma senhora idosa que poderia estar assustada com a confusão em sua casa, os policiais o alvejaram com quatro tiros.

Ele questiona a fala do comandante-geral da Polícia Militar, Douglas Caus, à imprensa, de que a ação trata-se de um treinamento da corporação. “Não sabia que a comunidade é base de treinamento para a PM. Ele falou que o treinamento será até esta quinta-feira [12], depois irá para outro lugar, mas não disse qual. Provavelmente deve ser bairros periféricos, favela. Estamos cansados dessa opressão, desse abuso, dessa violência”, desabafa.

O ocorrido nessa segunda-feira é, infelizmente, mais uma entre as muitas ações de violência policial ocorridas no Território do Bem, onde os moradores se organizam há tempos para reverter essa situação. O Instituto Conexão Perifa, que atua na região, encaminhou ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), em fevereiro último, um documento no qual solicitou a apuração das mortes registradas em janeiro, que foram cinco, resultado de ações da PM. Também reivindicou que o órgão ministerial se reúna com os representantes da Segurança Pública do Espírito Santo, “para proibir as chacinas que vêm acontecendo em nosso território”, e pense “em uma política de paz nas comunidades, zelando pela vida de todos os moradores”.

Em agosto do ano passado, moradores do Território do Bem realizaram a manifestação do Dia Nacional de Lutas dos Movimentos Negros Pelo Fim da Violência Racista da Polícia, com concentração na praça de Itararé. No trajeto, rumo ao quartel da PM, em Maruípe,pediam por políticas públicas de saúde, educação, geração de emprego e renda, direitos reivindicados por um público de faixa etária diversificada, abrangendo crianças, adolescentes e adultos.

Já em frente a quartel, um dos destaques feitos pelos manifestantes foi quanto à nomenclatura da região, denominada pelos moradores de Território do Bem, mas chamada pela grande imprensa e pelas forças de segurança como Complexo da Penha, nome considerado pejorativo. Posteriormente, os manifestantes retornaram para a Praça de Itararé, onde o protesto foi encerrado.

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