Grupo de mulheres paralisou a Serafim Derenze em protesto contra a violência, que tem envolvido os dois bairros
A descida de criminosos do bairro Conquista, em Vitória, para a comunidade de Nova Palestina, atirando a esmo em plena manhã desse domingo (12), foi a “gota d’água” para moradores da região. A situação motivou um grupo de mulheres a fazer uma manifestação na manhã desta segunda-feira (13), para reivindicar a instalação de duas bases da Polícia Militar (PM), uma em Conquista e outra em Nova Palestina.
“A gente simplesmente falou: não aguentamos mais”, destacou uma das manifestantes que paralisaram a rodovia Serafim Derenzi por uma hora nesta manhã. O clima de terror, segundo ela, começou por volta de 20 de agosto, pois, desde então, moradores de Nova Palestina têm sido intimidados com rajadas de tiros pelas ruas, atingindo as casas. A moradora afirma não saber exatamente o que motiva a violência, mas que os criminosos costumam gritar “nós vamos tomar tudo. Isso aqui vai ser nosso”.
“Queremos paz. Estamos vivendo momentos difíceis”, diz a moradora, que relata ainda que o cotidiano das pessoas tem sido intensamente modificado. Uma das consequências da violência, afirma, é a ausência das crianças no ambiente escolar. Moradores relatam que as aulas prosseguem, mas os pais não querem que os filhos compareçam à escola por medo de serem atingidos por bala perdida no meio do caminho.
Uma outra moradora afirma também que ela e outras pessoas da comunidade tiveram que largar o emprego, porque chegavam tarde em casa, o que os deixava amedrontados. Outras atividades, como ir à igreja, também já não são mais possíveis, assim como conversar na rua com os vizinhos. Essas alterações bruscas no cotidiano devido ao medo da violência fazem com que até moradores mais antigos abandonem o bairro, lamentam.
Embora evitem sair de casa para se proteger, os moradores afirmam não se sentir seguros dentro de suas residências. Por isso, relatam, muitos têm dormido no chão, pois a cama é alta e, para eles, isso pode facilitar que a pessoa seja atingida por uma bala perdida.
Além da manifestação desta manhã, as mulheres encaminharam um ofício para a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), reivindicando as bases da PM. A resposta obtida foi de que a corporação faz patrulhamento na região. Entretanto, afirmam, os criminosos, do alto do morro, conseguem ver quando a PM está passando e descem no momento em que ela não está presente. Outra queixa das mulheres é que, quando acionada, a PM demora cerca de 40 minutos para chegar.