“Não sentamos com a Frente nessa reunião e não sentaremos. Recebemos única e exclusivamente as entidades militares”. A fala, do secretário de Estado de Governo (SEG), Tyago Hoffmann, refere-se à reunião realizada na noite desta quinta-feira (13) no Palácio da Fonte Grande, no Centro de Vitória, entre representantes do governo do Estado e as entidades representativas dos policiais e bombeiros militares.
O objetivo foi conhecer a posição das entidades para o reajuste salarial em negociação para todas as categorias da segurança pública capixaba. “A reunião foi de retorno, para as entidades apresentarem sua contraproposta após a reunião que tivemos, com as mesmas entidades, na sexta-feira [7]”, explica o secretário.
A contraproposta será analisado pelas equipes técnicas das secretarias de Gestão e Planejamento. O retorno, estima Tyago Hoffmann, deve acontecer depois do Carnaval.
Após quatro anos de ausência absoluta de diálogo com o governador anterior, Paulo Hartung, a gestão de Renato Casagrande abriu a mesa de negociação, propondo reajuste anual de 4% pelos próximos três anos, mais três reposições da inflação, que em dezembro de 2019 foi de 3,5%.
Aceitaram os valores três sindicatos: dos Policiais Civis, dos agentes socioeducativos e dos inspetores penitenciários (Sindipol, Sinases e Sindaspes). Já as entidades representativas dos policiais e bombeiros militares, além de delegados e investigadores de polícia, não aceitam os percentuais e exigem, no mínimo, 12% ao ano até 2022, totalizando pelo menos 36%, fora a reposição inflacionária.
Reunidos na chamada Frente Unificada pela Valorização Salarial dos Policiais Militares, Policiais Civis e Bombeiros Militares, dois sindicatos e seis associações tentaram ser recebidos na Fonte Grande nesta quinta-feira, mas apenas os representantes das cinco associações de policiais e bombeiros conseguiram entregar a contraproposta. São elas: Associação dos Militares da Reserva, Reformados, da Ativa da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e Pensionistas de Militares do Estado (Aspomires); Associação dos Bombeiros Militares do Estado (ABMES); Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar (ACSPMBMES); Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar (Asses); e Associação dos Oficiais da Polícia Militar (Assomes).
'Não houve reunião'
Do lado de fora do Palácio, em um carro de som, o Coronel Marco Aurelio Capita, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar (Assomes), após sair da reunião com os secretários e demais militares, falou aos manifestantes que aguardavam em vigília. “Não houve reunião!”, afirmou, explicando que, na impossibilidade de todos da Frente serem recebidos pelo governo, os miliares apenas entregaram a contraproposta aos secretários e aguardam o retorno.
Na manhã desta sexta-feira (14), adiantou, postura semelhante deve ser adotada pelos delegados, durante reunião do secretariado com o Conselho de Polícia Civil. “Eles não devem nos receber também, então os delegados não farão reunião, apenas vão entregar a proposta, que é a mesma”, expôs.
“O Conselho de Polícia não é entidade policial. É uma entidade de Estado, de governo, onde todos os delegados recebem gratificação para participar. Não podem exigir que a Frente participe”, afirmou Tyago Hoffmann, repetindo: “o governo não negocia com a Frente. Respeitamos e reconhecemos a Frente como uma estratégia de negociação interna das entidades. Não vamos intervir nessa estratégia, mas eles não podem obrigar o governo a negociar com eles”, pontuou.