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‘Ninguém vai para seus locais de trabalho’, decidem peritos oficiais

Categoria iniciou paralisação nesta segunda-feira e acampa na sede da Polícia Técnico-Científica

Divulgação

Após assembleia nesta segunda-feira (28), os peritos oficiais do Espírito Santo decidiram pela paralisação das atividades. Apenas 30% dos serviços são mantidos na sede da Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC), em Vitória, até que o Governo do Estado retome o diálogo sobre as políticas de valorização salarial e autonomia da categoria. 

“Ninguém vai subir para os seus locais de trabalho. Vai ficar todo mundo aqui embaixo, até que os setores do governo entendam a importância da perícia e que esse caos foi causado pelo próprio governo, que agiu sem habilidade, negociando, e no final negando o que havia se comprometido, que era criar uma política de valorização da perícia e tratar a autonomia da categoria com respeito”, afirma Tadeu Nicoletti, presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Espírito Santo (Sindiperitos).

De acordo com o sindicato, o acampamento dos trabalhadores na entrada da superintendência deve durar até que o Governo do Estado retome o diálogo. A previsão é que a mobilização também se estenda para os demais setores da perícia no Estado. Uma das reivindicações é a aproximação do salário da média nacional, que, de acordo com os servidores, já chega a quase o triplo do que recebem os peritos do Espírito Santo.

“A insatisfação só aumenta e o movimento da categoria aumenta na mesma proporção, porque o governo continua tratando a categoria com descaso. Sem a perícia, não tem como enfrentar a criminalidade, não tem como combater os crimes, não tem como manter criminosos na cadeia, não tem como enfrentar a impunidade, e o governo tem dado um tratamento vil para a perícia capixaba”, denuncia.

A categoria vinha em uma negociação com a gestão estadual, mas interrompeu as negociações de forma unilateral, como aponta o sindicato “Deixou a perícia capixaba às traças. Os peritos estão indo embora, dessa turma que está entrando, alguns já estão saindo. Pessoal está pedindo exoneração, porque não há uma política para que a construção de uma perícia de qualidade para a população seja efetivada no Espírito Santo”, enfatiza Tadeu.

Profissionais responsáveis pela coordenação de novos projetos do Governo do Estado, como o Sistema Automatizado de Identificação Biométrica (ABIS), também estão parados. A tecnologia foi uma aposta anunciada pelo governo Renato Casagrande em 2021, para avançar na identificação civil e criminal no Estado.

“Se o governo tem alguma intenção de valorizar a perícia, como ele tinha prometido, tem apenas esta semana, porque nós soubemos que estão para enviar [para a Assembleia Legislativa] 17 projetos de outras categorias e mais alguns que estão para chegar lá, e é inexplicável deixar só a perícia no último lugar do Brasil, sem nenhuma importância (…)”.

Histórico de denúncias

A falta de diálogo com a gestão Casagrande (PSB) já foi alvo de vários protestos da categoria em Vitória. No dia 23 de fevereiro, os peritos também pediram exoneração dos cargos de chefia da Polícia Técnico-Científica. A entrega dos cargos já havia sido deliberada em uma assembleia realizada no dia nove de fevereiro, e foi uma forma de denúncia ao não atendimento das demandas dos profissionais por parte do Governo do Estado.

Além das portas fechadas, os peritos também têm denunciado posturas de retaliação às mobilizações da categoria. Ainda em fevereiro, após as manifestações realizadas na Reta da Penha, em Vitória, cinco peritos foram convocados para comparecer à Corregedoria Geral da Polícia Civil e prestar informações sobre supostas irregularidades na condução do ato, o que, na ocasião, foi apontado como uma tentativa de intimidação. 

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