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​Número de assassinatos de trans e travestis este ano já supera o de 2021

Assassinato de Lara Croft, em Cariacica, foi o quarto este ano. Em 2021, segundo dossiê da Antra, foram registrados três

Com o assassinato da travesti Lara Croft, na madrugada dessa quarta-feira (13), o Espírito Santo supera, já na metade do ano, o número de trans e travestis mortas em 2021. No ano passado, foram três homicídios, segundo o dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Conforme aponta a coordenadora de Ações e Projetos da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará, o assassinato de Lara foi o quarto a vitimar, em 2022, uma pessoa desse grupo. 

No Espírito Santo, a Gold é responsável por repassar os casos para a Antra, com informações sobre idade e profissão das vítimas. O registro é feito com base em matérias jornalísticas, relatos e pesquisas, mas a estrutura para a realização das notificações ainda é limitada. A ativista alerta para os casos de subnotificação.

Lara Croft foi assassinada a tiros em Alto Lage, Cariacica. Os disparos foram feitos por um policial militar, que, juntamente com um colega de trabalho que o acompanhava, alegou que a travesti estava em atitude suspeita, sendo, por isso, dada voz de abordagem. Ela, então, teria tentado golpear os policiais com um barbeador. Entretanto, moradores afirmam que Lara foi abordada violentamente, sem que os tivesse agredido.

A Gold encaminhou ofício para o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Marcio Celante Weolffel, solicitando a investigação do caso. “Tem sido divulgado em vários veículos de imprensa depoimentos de testemunhas que afirmam que não houve confronto e que Lara estava sentada quando foi alvejada, contestando a versão dada pela polícia. Tais fatos merecem uma apuração minuciosa e responsabilização dos agentes públicos que participaram da operação”, apontou.

Deborah se mostra revoltada com o ocorrido. “É muito indignante. Foi assassinada com cinco tiros sem estar com arma. Eu penso, será que se eu estivesse sentada na escada, não aconteceria a mesma coisa comigo? Eu não seria assassinada por ser travesti?”, questiona.

Uma das outras vítimas deste ano foi a mulher trans Anna Souza, em maio. Deborah recorda que ela foi assassinada pelo ex-sogro de seu marido, que não se conformava de saber que o ex-genro estava com uma mulher trans. Em abril a mulher trans Crislaine dos Santos foi morta a tiros no meio da rua, em Guaraciaba, na Serra. O corpo foi encontrado com o short abaixado até os joelhos. A terceira, lembra Deborah, foi assassinada em Vila Velha, no ponto de prostituição.

No dossiê da Antra de 2021, o Espírito Santo apareceu em 13º lugar no ranking de estados com mais registros. Os dados repetiram o número de assassinatos notificados em 2020, quando também foram observados três casos.

Deborah destaca a necessidade de políticas para trans e travestis. “A gente vê, por exemplo, o investimento em Centros de Referência da Juventude [CRJ], mas a juventude trans e travesti não acessa esses espaços, por não atender diretamente essas pessoas, assim como acontece em outros equipamentos”, destaca.

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