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Números de homicídios e feminicídios aumentam no Espírito Santo

Em 2024 foram registrados 55 homicídios e 38 feminicídios, segundo o governo

Fernando Frasão/Agência Brasil

A gestão do governador Renato Casagrande (PSB) apresentou, na manhã desta segunda-feira (30), os dados de 2024 referentes à segurança pública no Espírito Santo. Os números mostram o aumento dos casos de homicídio e feminicídio se comparado a 2023. No ano passado, foram registrados 53 homicídios e 35 feminicídios, totalizando 88 mortes. Este ano, foram 55 homicídios e 38 feminicídios, portanto, 93 mulheres assassinadas.

No entanto, o Mapa de Mortes Violentas de Mulheres no ES: de A a Z, do Ministério Público do Estado (MPES), que não separa homicídios e feminicídios, aponta que foram 92 assassinatos de mulheres em 2024, portanto, um número a menos do que o total de mulheres mortas em 2024 e divulgado na coletiva.

O Mapa traz informações mais detalhadas. Do total de crimes, 32 foram no subnúcleo Vitória, 18 no de Colatina, 15 no de São Mateus, 12 no de Linhares, 10 no de Cachoeiro de Itapemirim, e cinco no de Guarapari. O mês com maior número de mortes foi julho, com 13, o de menor foi dezembro, com três. Houve assassinatos de mulheres em todos os meses do ano. A maioria das vítimas, 21, estavam na faixa etária entre 19 e 29 anos.

As mulheres entre 30 e 39 anos ficaram em segundo lugar, com 19 mortes. As demais faixas etárias registradas foram de 40 a 49 anos (18); 50 a 59 (6); 18 ou menos (6); e 60 ou mais (4). Em 16 casos, a faixa etária não foi informada. Em dois, o espaço foi deixado em branco. Em 84,7% dos casos, não dá para saber a cor da pele das vítimas, pois não foi obtida a informação. Só se sabe a cor da pele de 14. Foram 10,8% pardas, 3,2% brancas e 1% pretas.

Arma de fogo foi o instrumento utilizado em 47 casos. A arma branca, em 29. Em seis mortes, foram outros meios. Em 10 não foi informado o instrumento utilizado. A casa, trabalho ou proximidades foram os locais nos quais a maioria das mortes aconteceram, um total de 39. A via pública ficou em segundo lugar, com 19. A pesquisa aponta que em 15 mortes o local não foi informado. O lugar de morte de 9 mulheres está apontando como outros, sem entrar em detalhes. Em sete casos, houve encontro de cadáver, e em três, o corpo estava em local ermo.

‘Estrutura social’

A pesquisadora Elda Alvarenga, do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Gênero e Sexualidades (Nupeges), que conta com a participação de movimentos sociais, gestões públicas e instituições de ensino, entre elas a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), afirma que as legislações, como a Lei Maria da Penha, são importantes, mas não suficientes, pois “a estrutura social é pautada no patriarcado”.

“É necessário ter outras formas de combate, de conscientização, processos educativos. É preciso que se fale porque mulheres são assassinadas pelo simples fato de serem mulheres. Quando há alguma violência contra a mulher, se procura muitas justificativas para minimizar a violência cometida pelo agressor. Isso se aprende em casa, na igreja, na escola. É preciso desconstruir isso, é necessário um processo contra ideológico”, defende.

Para Elda, essas práticas educativas precisam se constituir de fato como políticas no Espírito Santo, pois não são feitas de maneira constante, somente em algumas datas comemorativas, como o Dia Internacional da Mulher. Ela aponta, também, que “em uma sociedade violenta, onde tudo pode, a lógica ainda é a da impunidade, da mulher como ser inferior e propriedade”, além de haver a omissão do Estado.

É por isso, afirma, que iniciativas como a medida protetiva não impedem todos homens de se aproximar das vítimas, culminando, muitas vezes, em feminicídios. Esse, inclusive, foi o caso da manicure Erica Patricia Gonçalves, que, certamente, ainda não entrou nas estatísticas do Governo do Estado, já que seu assassinato aconteceu na noite desse domingo (29), em Bela Vista, Cariacica. Erica foi morta a tiros pelo ex-marido, Daniel Gonçalves da Costa, em sua casa, na frente do filho do casal, uma criança de apenas 7 anos. A separação havia ocorrido a menos de uma semana. Há três dias, ela havia conseguido a medida protetiva.

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