No terceiro dia de paralisação dos militares, uma das principais críticas foi a troca no comando da Polícia Militar – anunciada na madrugada desta segunda-feira (6) por Garcia.O ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Laércio Oliveira, ficou apenas 21 dias no cargo, sendo substituído por Nylton Rodrigues.“A exoneração foi o pior erro que se poderia cometer nesse momento e acirrou gravemente os ânimos”, narra o texto.
Nos bastidores, circula a informação de que Oliveira foi substituído após resistir a tomar medidas para controlar o movimento, capitaneada por familiares e amigos dos militares – já que a Constituição Federal proíbe os militares de realizar greve. Segundo fontes militares, o então comandante teria deixado clara a intenção de entregar o cargo aos oficiais na manhã desta segunda, mas acabou sabendo de sua saída após entrevista do secretário na noite anterior.
“Dada a corrosão das relações entre PM e Governo, mesmo as associações [de militares] ficaram desacreditadas, o que propiciou o surgimento de novas lideranças, desconhecidas e fora do ‘controle’ do Comando. As eminências pardas, que ao longo dos últimos anos se prestaram a assessorar ao Governo, quanto à PM, sempre negligenciaram as carências da instituição, mas cumpriram fielmente a missão de manter distante a PM”, afirmam os oficiais.
No texto, os oficiais pedem ao governador em exercício o estabelecimento de uma comissão composto pelo governo, o alto Comando da PM, além de representantes das associações e do movimento de familiares de militares. A única tentativa de diálogo ocorreu no último sábado (6), quando um grupo de mulheres de PMs foram recebidas por Garcia. No entanto, não houve qualquer avanço quanto à pauta de reivindicações – que é a reposição dos salários, defasados há sete anos. Na tarde desta segunda elas comapreceram ao Palácio da Fonte Grande para uma reunião com o secretário André Garcia que fora agendada no sábado. Como não houve a reunião, elas postaram um vídeo nas redes sociais criticando a falta de interesse do governo em negociar uma saída para a crise.
A carta foi reproduzida no discurso do deputado estadual Josias Da Vitória (PDT), que é cabo da Polícia Militar e integrante da Comissão de Segurança da Assembleia, na abertura das atividades do Legislativo nesta segunda-feira. Ele se reuniu durante todo o dia com oficiais na expectativa de convencer o governo a reabrir as negociações – interrompidas por Garcia em vídeo que teve uma repercussão negativa entre militares e seus familiares.
“Quero deixar claro que não conheço lugar em que a força sobressai sobre o diálogo. O governo precisa estabelecer um elo de negociação com a classe policial e bombeiro militar. Temos representantes que podem convencer os familiares. Diante disso, chega de intransigência e de espetacularização. É uma falta de respeito com o povo. Esse secretário que tinha de ter pedido para ir embora há muito tempo e não exonerar um coronel, que tem mais de 30 anos de bons serviços prestados à corporação”, afirmou o pedetista.