O inquérito referente ao assassinato do jovem Weliton Silva Dias por disparos de policiais militares (PMs) em abril último, na região da Grande São Pedro, em Vitória, apontou indícios de crime de natureza militar e transgressão da disciplina. Diante disso, a expectativa da família é de que os policiais envolvidos sejam punidos. “Eles têm que ser presos e perder a farda”, defende a esposa de Weliton, a manicure Carolina Milagre Nascimento.
Na ocasião do assassinato, um vídeo que circulou nas redes sociais mostrou o jovem parado na rua, quando chega um PM. Ao avistá-lo, o rapaz levanta os braços, mas mesmo sem demonstrar perigo, é baleado com dois tiros, à queima-roupa. Posteriormente, aparece outro policial, quando o rapaz já estava caído no chão.
Carolina afirma que o assassinato do marido mudou completamente a rotina de sua família. “Ele trabalhava, sustentava a casa, dava de tudo ao nosso filho. Aí eles chegam assim e tiram a vida do meu marido, como se fosse nada”, indigna-se. Ela relata que o filho, de seis anos, tem sofrido muito a morte do pai, que era muito presente na vida da criança.
A manicure conta que, como ela trabalha durante o dia e o marido trabalhava à noite, era ele quem ficava com a criança enquanto ela não estava em casa. “A ficha do meu filho, de que o pai não voltaria mais, foi cair somente na segunda semana após a morte. Ele está fazendo tratamento com psicólogo e chegou a quebrar as coisas dentro de casa”, narra.
Para Carolina, é impossível esquecer o ocorrido. “Infelizmente, nada vai trazer meu marido de volta. Só Deus sabe do nosso sofrimento, que é eterno. Os policiais estão soltos, vivendo normalmente. Se fosse o contrário, se fosse meu marido que tivesse atirado contra os policiais, ele já estaria preso à espera da realização da audiência”, aponta.
Quando o crime aconteceu, o secretário estadual de Segurança Pública, Márcio Celante Weolffel, estava recém-nomeado na pasta e se pronunciou sobre o caso dizendo que foi determinado ao comandante-geral da PM a instauração de inquérito para investigar o homicídio, além do recolhimento das armas dos PMs envolvidos, apuração e afastamento cautelar dos policias das atividades operacionais.
O policial que atirou em Weliton é identificado no Boletim de Ocorrência (BO) como cabo Sandro Frigini. O outro, como soldado Victor Fagundes de Oliveira. O próximo passo será encaminhar o inquérito à Justiça e à PM, para que seja instaurado Procedimento Administrativo para julgar a conduta dos policiais envolvidos, que permanecem afastados.