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Pacote de R$ 411 milhões para segurança exclui participação popular

Entidades que militam nas periferias capixabas contestam os investimentos anunciados nesta semana pelo secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues. De acordo com o secretário, serão R$ 411 milhões em investimentos num pacote de reestruturação das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros. Mas, como de costume, as decisões excluem a participação da sociedade civil organizada. 

Entre os projetos está a construção de um centro de Inteligência para aprimorar a investigação e monitorar criminosos. Com início das obras previsto para janeiro do ano que vem, a inauguração deve ocorrer em dois anos. 

Representante da entidade Círculo Palmarino, Lula Rocha divulgou uma nota com o título “A receita do fracasso”, em que critica as ações do secretário. O documento assinala que falta envolvimento do governo com os movimentos sociais, que continuam pedindo para serem ouvidos. 

“É inadmissível o governo seguir com essa política de segurança pública reativa, sem planejamento e participação social na sua construção. Precisamos envolver toda a sociedade neste debate tão caro para a população capixaba. Não serão em gabinetes que resolveremos nossos problemas. Por isso, propomos novamente a abertura de um canal de diálogo com participação de amplos setores para que possamos realmente avançarmos na consolidação de um Estado seguro para todos e todas viverem”.

A nota diz ainda que “o autoritarismo e a arrogância novamente aparecem como ingredientes principais na também repetida receita para enfrentar o problema da violência no Espírito Santo. A história é literalmente a mesma: após uma crise, primeiro busca-se minimizá-la, ato contínuo, lança-se bravatas em tom de voz já conhecido e cara fechada, dizendo que o problema está na legislação 'frouxa' e, como desfecho, confirmando por óbvio a previsibilidade, a cúpula da Segurança Pública chama uma coletiva de imprensa e anuncia alguma medida concreta com intento de passar uma imagem que algo está sendo feito. Entretanto, como as medidas 'são mais do mesmo', com pouquíssimas variações de nuances, o resultado já sabemos, ou seja, continuaremos vivendo no caos da insegurança”.

No Morro da Piedade, por exemplo, a Secretaria de Estado da Segurança não atendeu aos pedidos das entidades que representam os moradores para buscar, em conjunto, soluções para a questão da violência, que, este ano, vitimou até jovens inocentes. Por decisão própria, o governo desapropriou uma área na parte baixa para construção de um posto da PM, enquanto os moradores desejavam que ficasse na parte alta. 

Violência em outros locais

No último dia 15 deste mês, moradores de outras regiões periféricas relataram uma situação de caos em confrontos que estão sendo travados há dias em bairros como Alagoano e Caratoíra, ambos na região da Grande Santo Antônio. Os relatos indicam tiroteios e confrontos entre envolvidos no tráfico e policiais, o que têm deixado moradores acuados. 

Para entidades, falta políticas de prevenção ao crime nas regiões, além de investimentos em infraestrutura e projetos de cunho social e assistencial. 

Uma postagem realizada na rede social Instagram da entidade Agricultores Urbanos fez uma denúncia da situação. Com o título “A Periferia de Vitória pede Socorro”, o texto marca as redes sociais do prefeito Luciano Rezende (PPS) e do governador Paulo Hartung, e faz questionamentos.

“Que cerco inteligente de segurança é esse que só atende aos bairros nobres da cidade de Vitória? Será que algum cerco 'inteligente' registrou essa guerra urbana que há três dias apavora os moradores da região da grande Santo Antônio? E a grande São Pedro? A Grande Maruípe? Possuem este tal cerco inteligente de segurança? Não precisamos de marina pública, senhores, ou mais um parque gigantesco na região nobre de Jardim Camburi! E de que adiantam estas belas academias em inox se temos medo de sair de casa para usá-las? Senhores, necessitamos é de políticas públicas eficientes para a nossa periferia”. 

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