O Sindicato dos Peritos Oficiais do Espírito Santo (Sindiperitos) aguarda o retorno do governador Renato Casagrande (PSB) do Canadá, previsto para esta segunda-feira (25), para realização de assembleia que irá discutir a possibilidade de deflagração de greve. Conforme combinado com a Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger), os trabalhadores aguardaram durante a última semana que a pasta entrasse em contato com a entidade para agendar uma reunião cujo objetivo era discutir a elaboração da lei orgânica e do estatuto da Polícia Científica, mas não houve uma iniciativa por parte da Seger.
Casagrande embarcou para os Estados Unidos para participar de eventos relacionados ao meio ambiente, como a Semana do Clima de Nova Iorque. Também acompanhou a abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Depois, foi para o Canadá, onde apresentou as potencialidades do Estado em evento para empresários. Na sua ausência, o vice-governador Ricardo Ferraço assumiu como governador em exercício.
O presidente do Sindiperitos, Tadeu Nicoletti, afirma que a categoria optou por não realizar a assembleia enquanto Casagrande estivesse fora pelo fato de que foi ele quem assumiu o compromisso de encaminhar a lei orgânica e o estatuto para a Assembleia Legislativa, o que ainda não foi feito. O governador havia se comprometido de enviar para a Casa de Leis até 31 de agosto, mas para os peritos não basta o envio, eles querem participar da elaboração dos documentos.
O Sindiperitos chegou a oficiar a Seger com o intuito de reivindicar sua participação, contudo, não obteve resposta, o que, aponta Tadeu, trata-se de prática antissindical e de assédio. O prazo para a elaboração do estatuto e da lei orgânica era de até 120 dias após a aprovação da criação da Polícia Científica, completados em 24 de fevereiro. Como o governo do Estado não deu início ao diálogo com a categoria, os peritos, por conta própria, apresentaram uma proposta.
Os peritos iniciaram, em dezembro de 2020, diversas manifestações por autonomia. Na ocasião, os trabalhadores reivindicavam reabertura de diálogo com a gestão de Renato Casagrande, que havia começado em 2019, início do mandato, tendo sido interrompido em decorrência da pandemia da Covid-19. Depois de vários protestos, inclusive com queima de caixão em via pública simbolizando a morte da Perícia, o diálogo foi retomado, mesmo que a passos lentos.
No ano passado, a reivindicação começou a ganhar materialidade, culminando na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 2/2022, de autoria de Iriny Lopes (PT) e Fabrício Gandini (Cidadania), a qual foram apensadas as PECs 04/2020, de autoria do ex-deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), e a PEC 7/2022, do Executivo, dando origem à Polícia Técnica. Com a aprovação, o Espírito Santo passou a ser o 20º Estado a ter uma Perícia autônoma.