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Enquanto poder público nega demandas da comunidade, Piedade perde mais um jovem

Horas antes do assassinato de Patrick dos Santos, comunidade denunciou compromissos não cumpridos pelo governo e prefeitura

O número de vidas perdidas no Morro da Piedade aumenta assim como o descaso do poder público e, consequentemente, a mobilização dos moradores pela efetivação de seus direitos. Nessa terça-feira (22), a triste marca de jovens da região assassinados nos últimos dois anos subiu de nove para 10, com o homicídio de Patrick Loureiro dos Santos, ritmista da escola de samba Unidos da Piedade, de 22 anos. No mesmo dia o Grupo Raízes da Piedade mais uma vez cobrou do poder público que atenda as 15 reivindicações feitas após o ato ocorrido em 17 de junho, por ocasião da morte do jovem Fabrício dos Santos Almeida.

Patrick foi assassinado no Morro do Alagoano, onde foi alvejado no meio da rua durante um tiroteio, que, segundo informações da Polícia Militar (PM), ocorreu entre grupos rivais do tráfico de drogas. “Ele sempre foi participativo na escola de samba, no Raízes, uma pessoa dedicada, tranquila, um rapaz muito divertido”, recorda a integrante do Raízes da Piedade, Mariana Ramos de Araújo. O Raízes, em nota publicada em suas redes, destaca que a denúncia quanto ao descaso do poder público foi feita antes mesmo de a informação do assassinato chegar. 

Segundo o grupo, “a falta de políticas públicas é rotina na comunidade” e que “essa triste realidade afasta as oportunidades e impede que nossos jovens sonhem”. A nota afirma ainda que, no mesmo dia da denúncia, “por volta das 13h, nossa equipe recebeu o comunicado de que Patrick Loureiro dos Santos Menezes, morador do nosso território, foi assassinado na região de Santo Antônio. Patrick, um jovem de uma comunidade pobre, foi mais uma vítima desse Estado, que nega as condições básicas de vida e mata os que se negam a sufocar em silêncio”. 
Na denúncia feita pelo Raízes momentos antes do assassinato, o grupo cobrou o cumprimento do compromisso assumido por parte do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) após visita técnica feita em julho. “A comunidade se organizou com uma lista de reivindicações, dentre elas o retorno do acesso da comunidade ao Centro de Vivência, onde possuímos banheiro, caixa de eletricidade para acender a luz da quadra, espaço para realização de reuniões, projetos sociais e velórios”, aponta.
Entretanto, relata Mariana, a chave do Centro de Vivência, que está com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, ainda não foi devolvida, fazendo com que a comunidade não possa utilizar plenamente o espaço. Entre as demais demandas apresentadas, estão a ampliação do atendimento de saúde no território com mais psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, médicos, agente de saúde e outros profissionais; articulação intersetorial com as redes de educação, saúde e assistência social; criação urgente de projetos e programas sociais com intuito de atender crianças, jovens, adultos e idosos; destinação de recursos públicos para criar e fortalecer projetos de cultura e esporte existentes no território; instalação de câmeras em pontos estratégicos da comunidade; instalação de internet nas praças e vias públicas da parte alta da comunidade; ocupação de terrenos baldios e espaços ociosos, com praças, academias populares e brinquedos infantis; e potencialização das escolas públicas. Segundo o Raízes, nenhuma delas foi atendida. 
Outras, destaca Mariana, foram atendidas parcialmente, como a avaliação dos postes da comunidade para troca de lâmpadas queimadas; ou sem diálogo com a comunidade, a exemplo da construção do Memorial da Paz no Terreirinho, como espaço de lazer e cultura. “Não houve apresentação de projeto, diversas solicitações de reunião foram realizadas à Secretaria de Obras, mas até o momento sem retorno”, diz o Raízes em suas redes sociais.

Algumas reivindicações, segundo Mariana, estão sendo atendidas caso o morador peça o serviço pelo 156, o que, para ela, mostra falta de iniciativa por parte da prefeitura. Ela cita como exemplo a avaliação das casas que correm risco social por estrutura de terreno ou socioambiental; além da demolição de casas abandonadas. 

Solidariedade
Em meio ao descaso do poder público, a iniciativa dos moradores da Piedade não é somente cobrar a efetivação das políticas públicas por parte do estado e da Prefeitura. A solidariedade também faz parte do cotidiano dos moradores. Para possibilitar a construção da casa da moradora Elislaine de Oliveira Souza, que está desempregada, está sendo realizada uma vakinha com o objetivo de arrecadar R$ 10 mil. Segundo informações do site da vakinha virtual, o esposo de Elislaine também está desempregado e o casal tem três filhos.

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