Tenente foi afastado das atividades operacionais e vai permanecer nas administrativas no decorrer do processo
A Corregedoria da Polícia Militar (PM) irá instaurar, nesta segunda-feira (28), um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o pai do adolescente de 16 anos que cometeu ataques em duas escolas de Aracruz, norte do Estado, deixando, até o momento, quatro mortos e ao menos nove feridos. O pai, que é tenente da PM, foi afastado das atividades operacionais e vai permanecer nas administrativas no decorrer do processo. Será investigado em quais circunstâncias o assassino teve acesso à pistola e ao revólver 38, que eram do pai e foram utilizados nos crimes.
As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, com participação do secretário Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Marcio Celante; e o titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz, delegado André Jaretta. Também participaram a delegada-geral adjunta, Denise Maria Carvalho; o comandante geral da PM, coronel Douglas Caus; o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Cerqueira; o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jean Duque; e o superintendente da Polícia Regional Norte, delegado João Francisco Filho.
André Jaretta informou que a Polícia Cívil (PC) está atenta “à conduta ou omissão do pai”, e que isso será “analisado com rigor, mas depende de uma análise mais profunda e detalhada”.
De acordo com o delegado, o assassino afirma nunca ter cometido nenhum ato infracional antes e que havia sofrido bullyng em 2019, o que o teria motivado a cometer os atentados. A preparação para o crime teria começado em 2020, quando passou a pensar em como executá-lo, mas sempre guardando a ideia para si, sem compartilhar com ninguém.
O assassino, segundo o delegado, relatou que durante dois anos, em momentos de ausência dos pais, pegava as armas para “criar intimidade” com elas e também estudava sobre utilização de armamento pela internet. No dia do crime, os pais saíram da casa onde residiam, em Coqueiral de Aracruz, para ir ao Centro da cidade fazer compras. O adolescente afirma ter visto nesse momento a oportunidade de executar seu plano.
O criminoso saiu da Primo Bitti e seguiu rumo à escola Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), da rede privada, onde parou o carro da família na frente do portão principal, que se encontrava aberto, dando acesso ao hall de entrada, local onde usou o revólver 38 para atirar em estudantes que ali se encontravam. Depois se dirigiu ao primeiro pavimento, fazendo novos disparos no interior de uma sala de aula, por meio de uma janela de vidro. Após esse novo ataque, se dirigiu ao carro, o levou para um local ermo, descobriu a placa, foi para casa e guardou os objetos utilizados no crime.
André Jaretta afirma que, conforme relatos dos pais, eles souberam dos crimes, mas não que seu filho era o autor, chegando a comentar sobre os disparos em casa com o adolescente, que se fez de desentendido. Ainda de acordo com a família, o assassino faz acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, além de uso de medicamentos. Na residência foram apreendidos os objetos utilizados no crime e também duas armas longas de pressão, que, embora não tivessem sido usadas nos ataques, serão analisadas.
O delegado afirma que o assassino é simpatizante de ideias nazistas, mas que, a princípio, o ocorrido aparenta ser um caso isolado, sem participação de células nazistas, porém, não será deixada de lado nenhuma linha de investigação. “Não vamos excluir todos que porventura tiveram participação ou não”, garante.