Cerca de 30 policiais e guardas se formam esta semana. Etapas futuras envolverão diretores de escolas estaduais
A Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) conclui esta semana o 1⁰ Curso de Enfrentamento e Prevenção ao Atirador Ativo (CEPAAT), voltado ao aumento da segurança no ambiente escolar, especialmente com relação a situações como o ataque nazifascista provocado em novembro de 2022 em Coqueiral de Aracruz, no norte do Estado, por um adolescente de 16 anos, que matou nove pessoas e feriu outras 12.
A primeira turma tem cerca de 30 alunos, entre policiais militares do Espírito Santo, Acre, Bahia, Mato Grosso e Paraná, além das guarda civis municipais de Vitória e Viana e policiais civis. Iniciado em 15 de maio, a previsão é que o curso tenha a formatura nesta sexta-feira (30), no Cerimonial da Associação dos Militares da Reserva, Reformados e da Ativa da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Pensionistas de Militares do Espírito Santo (Aspomires), em Vitória.
Um dos organizadores do curso, o Major Eliandro Claudino de Jesus, Comandante da Companhia Independente de Polícia Escolar (Cipe), explica que a formação tem duas etapas, de prevenção e enfrentamento. Na primeira, o foco foi o combate ao bullying. Na segunda, as instruções foram voltadas efetivamente para as medidas a serem tomadas em caso de ataques. “Em caso de ataque, o policial e os guardas municipais devem estar preparados para saber como agir rapidamente e preservar vidas”, ressaltou.
Entre as disciplinas, estão defesa pessoal, tiro tático policial, entrada em edificações e atendimento a ocorrências. Nesta terça-feira (27), haverá ainda uma simulação aonde os alunos serão avaliados sobre todo aprendizado obtido. “A simulação pretende oferecer um cenário próximo ao real com o qual os agentes podem se deparar durante o serviço”, explica, acrescentando que haverá a presença do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e outros colaboradores.
Encerrada essa primeira turma na Grande Vitória, será aplicada uma formação semelhante aos policiais e guardas dos municípios do interior do Estado. E, em seguida, uma outra para diretores de escolas da rede pública estadual.
Plano Estadual
As capacitações fazem parte do Plano Estadual de Segurança Escolar, lançado no final de abril pelo governador Renato Casagrande (PSB) , composto por cinco eixos temáticos: Gestão Inovadora; Ações de Inteligência; Ações Preventivas; Fortalecimento Operacional; e Ações Pedagógicas e Psicossociais.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), foram 63 ocorrências versando sobre “Ameaça de Ataque em Ambiente Escolar”, tendo vivido uma verdadeira onda de pânico, que provocou uma série de reuniões e investigações em redes sociais e baixas presenças de alunos nas escolas de vários municípios durante vários dias de março e abril.
Felizmente, ressalta o Major Elisandro, a partir do meio de maio, o Estado teve praticamente uma nulidade de registros dessa natureza, o que reflete, sem dúvida, a eficiência das estratégias empregadas até o momento. No Brasil como um todo a violência também tem reduzido, porém alguns casos ainda são registrados, o último, em Cambé, norte do Paraná, no dia 19 de junho, em que um casal de namorados que estudavam em uma mesma escola foi morto.
Direitos humanos
Infelizmente, no entanto, não há registro de ações que ataquem efetivamente o que são consideradas as raízes da violência contra a escola, que são a misoginia e o nazifascimo e seu discurso de ódio. Formações em direitos humanos são consideradas fundamentais por um amplo conjunto de pesquisadores e educadores, conforme apresentado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeducac) no webinário “A Cobertura Jornalística de ataques a escolas”, no final de março e igualmente solicitado pelo Coletivo Mães Eficientes Somos Nós ao governo do Estado.
A proposta também é o objetivo do Projeto de Lei nº 5245/2020 do senador Fabiano Contarato (PT), que volta à pauta da Comissão de Segurança Pública nesta terça-feira (27), que inclui conteúdos de direitos humanos e combate à discriminação em cursos de capacitação de agentes de segurança pública e privada. A motivação para o projeto, explica o senador, foi o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro espancado por dois seguranças de empresa contratada pela rede de supermercados Carrefour, em novembro de 2020, em Porto Alegre, Sul do País.
Plano amplia ações em curso nas escolas e investe em formações e equipamentos
‘É preciso combater o discurso de ódio nas escolas e na sociedade’
https://www.seculodiario.com.br/seguranca/terrorismo-nas-escolas