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Policias federais do Espírito Santo repudiam discurso de Marcos do Val no Senado

Polícia Federal ficou “constrangida” em executar a busca e apreensão em suas casas e gabinete, disse senador

O Sindicato dos Policiais Federais do Espírito Santo (SINPF-ES) divulgou, na noite desta terça-feira (20), uma nota de repúdio à fala do senador Marcos do Val (Podemos), em discurso realizado na sessão dessa segunda-feira (19), no Senado Federal. O sindicato nega as afirmações feitas pelo parlamentar, que, mencionando a operação de busca e apreensão feita nas suas residências em Vitória e Brasília e em seu gabinete no Congresso Nacional, disse que a corporação estava “completamente constrangida” de executar a ação.

O senador disse que o constrangimento era porque a Polícia Federal sabia se tratar de uma “operação política, e não de polícia”. “Deixando claro o meu histórico, que todos conhecem, teve até policial que ficou emocionado e chegou a chorar e ainda pedir desculpas e perdão por estar executando uma ordem que sabia que não era dentro da Constituição, mas deixei livre para que pudessem fazer o que deveria ser feito”, afirmou.

Na nota, o sindicato afirma que “a Polícia Federal é formada por profissionais de altíssima competência e experiência, acostumados às mais diversas e complexas operações necessárias ao cumprimento de ordens judiciais, apoio operacional e às demais atribuições relacionadas ao órgão”. Prossegue dizendo que “em nenhum momento foram verificadas quaisquer reações como as levianamente mencionadas pelo senador Marcos do Val por parte dos policiais federais envolvidos na operação”.
As afirmações do senador, segundo o sindicato, incomodaram e desrespeitaram os policiais federais e a instituição. A operação da corporação foi realizada na última quinta-feira (15), quando o parlamentar também teve suas redes sociais suspensas. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O senador é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Conforme noticiado pela imprensa nacional, a Polícia Federal chegou a pedir a prisão do senador durante a operação, mas o pedido foi negado pelo STF. O caso tem relação com as investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro. Do Val estaria tentando prejudicar as apurações e teria divulgado documentos sigilosos em suas redes sociais. Um deles nesta semana, um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com alertas sobre os atos golpistas.
Do Val é alvo de inquérito desde 3 de fevereiro, que investiga as diferentes versões apresentadas quanto à suposta articulação de um golpe de Estado, que teria participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). A primeira versão do senador foi apresentada por meio de live em redes sociais e de entrevistas à revista Veja e às emissoras de TV CNN e GloboNews. Do Val disse que foi coagido e que o plano visava reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022.
O senador participaria gravando conversa com o ministro Alexandre de Moraes. Afirmou, ainda, que o encontro, no qual o plano foi apresentado por Daniel Silveira, que está preso, teve a participação de Bolsonaro. O senador chegou a falar em renunciar ao mandato, mas voltou atrás. Uma nova versão foi apresentada, na tentativa de livrar o ex-presidente. A mudança foi justificada em sua “experiência em operações de inteligência [espionagem], que não faz um histórico de começo, meio e fim. Soltamos informações, cada emissora de uma forma, exatamente para ludibriar o inimigo”.
Antes da abertura da investigação, Alexandre de Moraes determinou que o senador fosse ouvido pela Polícia Federal, o que ocorreu no dia 2 de fevereiro. Depois disso, Do Val apresentou pelo menos quatro versões antagônicas, o que, de acordo com o ministro, demonstrou a “pertinência e necessidade” da realização de diligências para o seu completo esclarecimento e para a apuração dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.
Alexandre de Moraes também determinou, na ocasião, que os veículos de imprensa encaminhassem ao STF o inteiro teor dos áudios das entrevistas concedidas pelo parlamentar e que a empresa Meta enviasse o inteiro teor de live realizada pelo senador no Instagram. Um novo depoimento do senador para a Polícia Federal será marcado depois da perícia nos celulares e computadores apreendidos na operação da última quinta.

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